Professor Diminoi
ENEM 2025 – 1º DIA
Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias e Redação
Questões de 1 a 5 (opção Inglês)
01) My idea of philosophy is that if it is not relevant to human problems, if it does not tell us how we can go about eradicating some of the misery in this world, then it is not worth the name of philosophy. I think Socrates made a very profound statement when he asserted that philosophy is to teach us proper living. ln this day and age “proper living” means liberation from the urgent problems of poverty, economic necessity and indoctrination, mental oppression.
DAVIS, A. Lectures on Liberation. Washington: Smithsonian Libraries, 1971(adaptado).
Nesse texto, ao discorrer sobre a relevância da filosofia, a escritora Angela Davis tem por objetivo
(A) criticá-la pela restrição temática.
(B) vinculá-la ao universo acadêmico.
(C) afastá-la da abordagem socrática.
(D) aproximá-la dos problemas sociais.
(E) responsabilizá-la pela pobreza humana.
Resolução
Nesse texto, a escritora Angela Davis tem por objetivo aproximar a filosofia dos problemas sociais.
No texto:
“I think Socrates made a very profound statement when he asserted that philosophy is to teach us proper living. ln this day and age “proper living” means liberation from the urgent problems of poverty, economic necessity and indoctrination, mental oppression.”
Resposta: D
02) Remember the sky that you were born under, know each of the star’s stories.
Remember the moon, know who she is.
Remember the sun’s birth at dawn. [...] Remember your birth, how your mother struggled to give you form and breath [...]
Remember the earth whose skin you are:
red earth, black earth, yellow earth, white earth brown earth, we are earth.
Remember the plants, trees, animal life who all have their tribes, their families, their histories, too [...]
Remember you are all people and all people are you. Remember you are this universe and this universe is you.
Remember all is in motion, is growing, is you.
HARJO, J. She Had Some Horses. Londres;
Norton & Company, 1983 (fragmento).
Nesse poema, de uma autora de ascendência indígena, o eu lírico ressalta a
(A) potência dos astros celestes.
(B) origem das plantas e dos animais.
(C) importância do apego à terra natal.
(D) relação entre seres humanos e natureza.
(E) conexão entre o tempo real e o tempo imaginário.
Resolução
No poema, escrito por uma autora de ascendência indígena, o eu lírico ressalta a relação entre seres humanos e natureza.
No texto:
1ª passagem: “Remember the earth whose skin you are: red earth, black earth, yellow earth, white ..”
2ª passagem: “Remember you are all people and all people are Remember you are this universe and this universe is you.”
Resposta: D
03)

Disponível em: https://pt.foursquare.com.
Acesso em: 14 maio 2024.
Nesse texto, a pergunta “What is sleep?”, em uma das embalagens do produto, está relacionada ao(à)
(A) escassez de horas de sono.
(B) estímulo a um descanso de
(C) gasto com bebidas que combatem a insônia.
(D) consumo de bebidas que causam dependência.
(E) necessidade de um produto que provoque o sono.
Resolução
Na imagem, há 3 copos de café com as seguintes frases:
16 ounce: “What is sleep?” (O que é sono?)
12 ounce: “Slept 5-7 hours” (Dormiu 5 a 7 horas)
8 ounce: “Slept 8-10 hours” (Dormiu 8 a 10 horas)
Essa variação mostra que quanto menos a pessoa dorme, maior e o copo de café de que ela precisa, ou seja, quanto mais sono ela tem, mais café ela consome.
Alternativa: A
04) Glory Ames, from the White Earth reservation, is frustrated that despite the presence of several indigenous reservations near Moorhead, local Halloween stores still feature a western section with costumes such as “pow wow princess”.
Even worse, despite a long-running debate about racism and cultural appropriation, often prompted by backlash against celebrities and politicians for donning offensive costumes, people continue to wear such costumes.
Last Halloween, Ames spotted a photo on lnstagram of a girl dressed as a Native American with a bullet in her forehead. She immediately reported it to the social media platform and had it removed.
“They blatantly take certain aspects of our culture, race, religion, and use it for their advantage and ignore the people living it”, said Ames.
LIU, M. C. M. Disponível em: www.washingtonpost.com.
Acesso em: 12 maio 2024 (adaptado).
Ao abordar um aspecto da celebração do Halloween, esse texto tem por objetivo
(A) denunciar a violência contra crianças indígenas.
(B) descrever costumes tradicionais em celebrações indígenas.
(C) valorizar as vestimentas características dos povos originários.
(D) criticar a exploração indevida de elementos da identidade indígena.
(E) sugerir ações de combate ao preconceito contra os povos originários.
Resolução
O texto tem por objetivo criticar o uso indevido de fantasias de Halloween que fazem alusão à população indígena.
Lê-se no texto:
“...local Halloween stores still feature a western section with costumes such as ‘pow wow princess’ ”.
Alternativa: D
05) lt is true that all children are special, simply because they are children. But most adults are not special, and children end up as adults pretty quickly. Life then can be difficult and even disappointing. The shock of this may account for the emergence of the “snowflake generation” of university students, who are so delicate they can’t handle controversial ideas being put forward in their lectures. The roots of this fragility run deep in modem culture. So, an approach of the world that states: “Life is wonderful, you’re special and, if you are a good boy/girl, life will be amazing forever” is not a message designed to aid bouncing back from failure or confronting catastrophe. Resilience is not about feeding ego – telling your children how wonderful they are – but strengthening it.
LOTT, T. Disponível em: www.theguardian.com. Acesso em: 10 dez. 2017 (adaptado).
Nesse texto, a expressão “snowflake generation” é usada para
(A) abordar obstáculos impostos a universitários.
(B) destacar mensagens de incentivo a estudantes.
(C) estimular ações proativas em situações de emergência.
(D) retratar relações conflituosas em ambiente universitário.
(E) apontar posturas de uma juventude avessa a contrariedades.
Resolução
O texto aborda a geração “snowflake”, que é definida como jovens que não sabem lidar com contrariedades.
Alternativa: E
Questões de 1 a 5 (opção espanhol)
1)
¿Dónde está nuestro pan, patrón?
¿Dónde quedó todo ese dinero?
¿Lo tiene oculto bajo el colchón
o lo escondió en otro sucio agujero?
Yo tengo un Tàpies, dice Juan Luis;
yo tengo un Antonio López, dice Jaume.
¿Quién de los dos sabrá decir
cuántos muertos tiene a sus espaldas?
NACHO VEGAS. Disponível em: www.lahiguera.net.
Acesso em: 12 abr. 2024 (fragmento).
Na letra da canção Polvorado, ao apresentar as reflexões do eu poético, o cantor espanhol Nacho Vegas
(A) demonstra o orgulho dos trabalhadores para com artistas de referência.
(B) critica a postura dos patrões frente aos direitos dos trabalhadores.
(C) apresenta propostas para diminuir as desigualdades sociais.
(D) evidencia o diálogo horizontal entre patrão e trabalhadores.
(E) O questiona a insalubridade do ambiente de trabalho.
Resolução
Na letra, o autor questiona o patrão sobre os direitos dos trabalhadores, fazendo perguntas como “¿Dónde está nuestro pan?” e “¿Dónde quedó todo ese dinero?”. Esses questionamentos revelam uma crítica à desigualdade existente entre patrões e empregados, denunciando a exploração e a injustiça social.
Alternativa: B
2)
Cuando yo era chiquito
todo quedaba cerca, cerquita.
Para llegar ai cielo
no más bastaba una subidita.
EI sueño me alcanzaba
para ir tan lejos como quería.
Cuando yo era chiquito
yo sí podía, yo sí podía.
Libertad, libertad,
libertad para mi niño.
[ ...]
Cuando yo era vejigo
me iba pa’I río porque era hermoso,
aunque estaba prohibido
por peligroso, por peligroso.
Como jagüey y ceiba,
como la palma y la yagruma,
cuando yo era vejigo
yo era dei monte y soñaba espuma.
Libertad, libertad,
libertad para mi niño.
RODRÍGUEZ, S. Cuando yo era un enano. ln:
Oh Melancolia. Havana: Empresa de Grabaciones y
Ediciones Musicales, 1988 (fragmento).
O recurso que caracteriza essa letra de canção como um relato das memórias do eu poético é o uso de
(A) palavras no grau diminutivo.
(B) adjetivos na descrição da paisagem.
(C) vocábulos relacionados à fauna cubana.
(D) verbos no pretérito imperfeito do indicativo.
(E) marcas linguísticas de uma variedade caribenha.
Resolução
Os recursos usados no texto para expressar o relato das memórias do eu poético são marcados pelo uso
do pretérito imperfeito do indicativo, tempo verbal que, em espanhol, é empregado para falar de ações habituais ou descritivas no passado.
Podemos observar isso em expressões como “Cuando yo era chiquito…”, “quedaba” e “bastaba”.
Alternativa: D
03)
Guagua, las palabras también migran
Pocas palabras dei idioma castellano despiertan tanto interés y asombro como guagua. En España su uso se reduce a las lslas Canarias, donde se registra a partir de los años 30 del pasado siglo. EI origen de guagua resulta algo polémico. Todo parece indicar que la voz vino de Cuba. La trajeron de vuelta, junto con sus maletas y sus recuerdos, aquellos inmigrantes canarios que viajaron a la isla antillana en busca de fortuna. Recientemente em Lanzarote, las autoridades acuñaron “guagüismo” para potenciar el uso dei transporte público y han solicitado a la Real Academia Española que introduzca dicho término en el diccionario.
EI origen de guagua cambia si nos vamos al sur del continente. Autobús no es la única acepción de la palabra guagua que se usa en América. En los países del sur, tales como Colombia, Argentina o Perú, como una derivación del término quechua wáwa, también se le dice guagua a un niño de pecho o bebé. Algunos autores chilenos han defendido también que esta acepción de guagua como bebé proviene del idioma mapuche. Sea uno u otro el origen, es común en todo el cono sur oír a hombres y mujeres hablar con ternura de sus “guaguas lindas”.
Disponível em: www.escribirbienyclaro.com.
Acesso em: 13 maio 2024.
Ao abordar a trajetória da palavra “guagua”, o texto destaca a
(A) presença de empréstimo linguístico no espanhol.
(B) validação de um vocábulo por uma instituição renomada.
(C) concorrência entre línguas indígenas e a língua espanhola.
(D) valorização da língua de um país em detrimento da de outro.
(A) disputa entre hispano-americanos e espanhóis por sua origem.
Resolução
O texto aborda o uso da palavra “guagua” na língua espanhola como uma herança de diferentes línguas indígenas, como o quéchua e o mapuche, apresentando significados distintos conforme o país ou a região, podendo significar “ônibus” ou “bebê”.
O termo concorrência, usado na alternativa correta, expressa justamente o fato de várias línguas empregarem a mesma palavra com sentidos diferentes. Não se trata de um simples empréstimo linguístico, pois não há um único significado
compartilhado, como ocorre, por exemplo, com a palavra “mouse” (dispositivo de computador), adotada do inglês com o mesmo sentido em português.
Sob outro ponto de vista, a alternativa A também poderia ser considerada correta, pois a palavra “guagua” é, de fato, um empréstimo de línguas indígenas. No entanto, apresenta significados diferentes, o que não ocorre de forma uniforme em seu uso nos países de língua espanhola.
Alternativa: C
04)

MORGAN, J. Disponível em: www3.gobiernodecanarias.org.
Acesso em: 5 maio 2024.
Na charge, a diversidade linguística está representada pelo uso de
(A) estruturas verbais com valor de futuro próximo.
(B) expressões idiomáticas características de uma região.
(C) advérbios característicos do repertório vocabular dosjovens.
(D) marcas da oralidade expressas na representação escrita da fala.
(A) enunciados interrogativos em situação comunicativa com um interlocutor.
Resolução
A charge mostra a influência da linguagem oral na escrita, reproduzindo a forma como os personagens realmente falam.
Podemos observar isso em expressões como “vamo a sorta una paloma” e “yoqusé”, cujas formas corretas seriam “vamos a soltar una paloma” e “yoqué sé”.
Essas alterações evidenciam marcas da oralidade, recurso usado para aproximar a fala dos personagens da linguagem cotidiana.
Alternativa: D
05)
Qué es la generación Alfa?
Hacer cortes generacionales no es una ciência exacta. Sin embargo, según un análisis de 2018 del centro de estudios Pew Research Center, analizar las generaciones ofrece “una manera de entender cómo los acontecimientos globales y los cambios tecnológicos, económicos y sociales interactúan para definir la forma en que la gente ve el mundo”. Y está claro cómo ve el mundo la próxima generación: a través de una pantalla.
“Antes las generaciones se definían a partir de sucesos históricos o sociales importantes. Hoy se delimitan por el uso de determinada tecnología”, le explica a BBC Mundo un psicólogo, docente, escritor y experto en el uso – y abuso – de las redes sociales.
Ninguna de las gene raciones anteriores será comparable a nivel digital con los Alfa, que, como contraparte, serán la primera a la que le serán ajenos muchos aspectos dei mundo analógico.
Disponível em: www.bbc.com.
Acesso em: 9 maio 2024 (adaptado).
Nesse texto, a expressão “a través de una pantalfa” evidencia que a geração Alfa estabelece com o mundo uma relação marcada pelo(a)
(A) conflito etário.
(B) efemeridade da tecnologia.
(C) dependência de recursos digitais.
(D) valor dos acontecimentos sociais.
(E) indiferença em relação a fatos históricos.
Resolução
O texto aborda as influências que marcam a geração Alfa, destacando que, por terem nascido na era tecnológica, esses indivíduos se diferenciam das gerações anteriores.
Ao afirmar que será “la primera generación ajena a muchos aspectos del mundo analógico”, o autor evidencia essa ruptura com o mundo não digital.
A expressão “a través de una pantalla” (“por meio de uma tela”) reforça a ideia de que essa geração vive e interage principalmente mediada por dispositivos digitais, demonstrando sua dependência da tecnologia.
Alternativa: C
Questões de 06 a 45
Texto para as Questões de 06 a 10.
06)
De próprio punho
A escrita e suas tecnologias sofrem interessantes
metamorfoses, numa ciranda que vai do simples bilhete
aos originais de um livro
1 Estranhei muito na primeira vez que escutei a
2 expressão "de próprio punho". Parecia que eu ia
3 bater em alguém. Não era bem o Foi numa
4 situação bancária, dessas bem burocráticas,
5 e eu devia escrever algo bem breve, mas com
6 minhas mãos. Na verdade, o que importava era
7 a autenticidade da minha caligrafia, que à época
8 ainda era mais fluente e Depois dos teclados
9 de computador, ela rateia Minha letra,
10 hoje, tem uma espécie de alternância: dia sim, dia
11 não, trêmula e firme, forte e fraca, mais rotunda e
12 mais cheia de
13 É claro que já escrevi muito mais de próprio
14 punho ou, numa palavra mais bonita, manuscrevi
15 (prefiro a mão ao punho, embora ele também seja
16 usado na tarefa). Mas isso não é um feito
17 Em larga medida, é Muita gente sente o
18 mesmo que eu, isto é, escreve bem menos usando
19 as mãos, ou melhor, empregando algum tipo de
20 tecnologia (lápis, caneta ) para escrever com
21 grafite ou tinta ou giz ou carvão ou sangue e o que
22 É importante lembrar que ainda há gente que
23 não sabe escrever neste país, neste planeta, mas
24 muita gente sabe e tem um combo de tecnologias
25 mais ou menos à disposição para Sou dessas
26 pessoas privilegiadas que têm várias possibilidades,
27 e uma delas nunca deixou de ser o uso das minhas
28 mãos. Ainda hoje, são elas que batucam meu
29 teclado de computador ou que tocam suavemente
30 duas ou três telas sensíveis. Mas não expressam
31 mais a minha No lugar, aparecem Times New
32 Roman, Arial, Calibri e mais uma centena de "letras"
33 à minha Eu e Deus e o mundo.
34 A despeito desse rol de chances e ferramentas
35 para escrever, o manuscrito nunca deixou de
36 pintar aqui e ali, muitas vezes como obrigação.
37 Na escola, por exemplo, até hoje ele é soberano.
38 No Enem também. Curioso, não? Fico pensando
39 em que espaços e ocasiões ainda uso minha letra.
40 Olhando ao redor, na minha casa, minha letra
41 está em espaços muito delimitados e específicos:
42 bilhetes. Eles estão principalmente na cozinha, em
43 especial na porta da geladeira, a fim de manter a
44 comunicação com meus coabitantes, sempre muito
45 esquecidos ou relapsos. Mas também há bilhetes
46 em post its na minha mesa do escritório, textinhos
47 em garranchos por meio dos quais me comunico
48 comigo mesma, a evitar um comportamento
49 esquecido e relapso.
50 No escritório, costumo ser mais suave comigo
51 mesma, mas também muito mais lacônica, a ponto
52 de nem eu me entender, se passar o tempo. Em
53 todos os casos vai minha letra, menos e mais
54 redonda, a lápis e a tinta azul, em post its rosachoque,
55 colados precariamente, e todos com
56 destino à lixeira, em breve. Justo porque eles
57 funcionam como lembretes de tarefas e coisas
58 que devem ser vencidas e, claro, substituídas por
59 outras, num fluxo infinito, às vezes ansiogênico,
60 com que a maioria dos adultos (e mais ainda as
61 adultas) precisa conviver.
62 As formas de escrever mudam, as necessidades
63também, e o resultado é um elenco complexo, em
64 que nada dispensa nada, a depender da tarefa ou
65da importância das coisas ou de suas funções,
66 claro. A escrita e suas tecnologias incríveis vão se
67 reposicionando, mudando de status, numa ciranda
68 interessante e importante que pode ser vista à luz de
69 certa diversidade que encontra suas oportunidades
70 e seus efeitos, aqui e ali. Não adianta muito pensar
71 sempre como se tudo fosse excludente. Estão aí minha
72 farta comunicação por bilhetes, minha gaveta alegre de
73 post its de toda cor, esperando para serem usados, e o
74 cheque do cartório, em que quase tudo já é digital. "Do
75 punho ao pixel" não é uma frase filosoficamente correta. O
76 negócio é mais "o punho e o pixel".
O recurso linguístico usado para marcar a síntese da opinião da autora sobre a temática desenvolvida foi o(a)
(A) emprego da primeira pessoa em “Estranhei muito na primeira vez que escutei a expressão ‘de próprio punho’”. (/. 1-2)
(B) utilização de locução adverbial em “Na verdade, o que importava era a autenticidade da minha caligrafia”. (/. 6-7)
(C) uso de pronome possessivo em “Minha letra, hoje, tem uma espécie de alternância”. (/. 9-10)
(D) adoção de termo autorreflexivo em “No escritório, costumo ser mais suave comigo mesma”. (/. 50-51)
(E) substituição da expressão “Do punho ao pixel” (/. 74-75) pela expressão “o punho e o pixel”. (/. 76)
Resolução
A síntese está expressa na frase “o punho e o pixel”, pois as práticas de escrever a mão e de digitar coexistem apesar das alterações na tecnologia.
A permanência está representada pela conjunção aditiva “e”, somando essas duas possibilidades de registrar palavras.
Alternativa: E
07) Nesse texto, o que caracteriza a escrita “de próprio punho” é a letra manuscrita, enquanto a escrita digital é ilustrada pelo(a)
(A) utilização de tecnologias diversificadas.
(B) desenvolvimento de novos recursos de escrita.
(C) possibilidade de interações mediadas por telas.
(D) diversidade de fontes tipográficas que estão disponíveis.
(E) delimitação dos espaços onde a produção textual ocorre.
Resolução
No trecho “No lugar, aparecem Times New Roman, Arial, Calibri e mais uma centena de “letras à minha escolha”. A autora expressa, portanto, que fontes tipográficas representam a escrita digital.
Alternativa: D
08) O elemento que caracteriza esse texto como uma crônica é a
(A) defesa das opiniões da autora sobre um tema de interesse coletivo.
(B) exposição sobre o uso de tecnologias nas práticas de escrita atuais.
(C) abordagem de fatos do contexto pessoal em uma perspectiva reflexiva.
(D) utilização de recursos linguísticos para a interlocução direta com o leitor.
(E) apresentação de acontecimentos segundo a ordem de sucessão no tempo.
Resolução
O gênero textual crônica explora um fato do cotidiano de modo inusitado, revelando a subjetividade do cronista. Nesse texto, o uso da primeira pessoa, as opiniões da cronista sobre sua própria experiência de escrita e sobre os vários processos pelos quais a escrita passou ao longo do tempo configuram a crônica como reflexiva.
Alternativa: C
09) A autora conclui que as novas tecnologias de escrita
(A) evoluem para facilitar a vida cotidiana.
(B) alcançam diferentes realidades sociais.
(C) coexistem com outras já estabelecidas.
(D) promovem maior agilidade na comunicação.
(E) surgem nos contextos em que são necessárias.
Resolução
Nos trechos “nada dispensa nada” e “A escrita e suas tecnologias incríveis vão se reposicionando”, a autora manifesta que as formas manuscrita e digital coexistem.
Alternativa: C
10) No que diz respeito ao gênero bilhete, a autora dessa crônica
(A) ressalta a formalidade na comunicação com as pessoas de sua convivência.
(B) critica a ansiedade causada pela velocidade da comunicação.
(C) expressa a obrigatoriedade de concisão nas anotações.
(D) questiona a prática da escrita de próprio punho.
(E) apresenta a diversidade de usos no cotidiano.
Resolução
Ao enumerar as utilidades do bilhete, a autora destaca a diversidade de seu uso em ações cotidianas, como, por exemplo, na comunicação familiar e no ambiente de trabalho.
Alternativa: E
11)

Disponível em: www.unicef.org.br. Acesso em: 15 jan. 2024
(adaptado).
Nesse cartaz, a utilização de frases que projetam a vida profissional de duas crianças tem como objetivo
(A) sugerir a arrecadação de fundos para o sustento de povos originários no país.
(B) sensibilizar a sociedade sobre os benefícios decorrentes do combate ao racismo.
(C) indicar a importância da orientação vocacional na educação de crianças no Brasil.
(D) chamar a atenção sobre a necessidade de ações voltadas para a educação infantil.
(E) valorizar o trabalho de agências internacionais na luta contra a discriminação racial.
Resolução
No cartaz, há a projeção da possibilidade da formação profissional futura de duas crianças, uma negra e uma indígena, caso a sociedade combata o racismo.
Alternativa: B
12)
Passando por aqui para lembrar algumas palavras, frases e expressões que nos infernizaram em 2023. Inclusive passando por aqui. Se você for proativo, vai achar que é o novo normal. Estarão na sua zona de conforto. Mas, se for reativo como eu, vai achar que é uma narrativa que precisa ser ressignificada.
É uma questão de empatia. É sobre entregar um discurso mais robusto e empoderado. Sei bem que não tenho lugar de fala para harmonizar certos pontos fora da curva e que preciso aplicar toda a minha resiliência para fazer um realinhamento. O nível de fitness está hoje num sarrafo muito alto.
O fato é que acho cringe essas falas fora da caixinha. Aliás, falar cringe já é meio cringe. Preciso usar a superação para me reinventar e entender que resenha não tem mais a ver com futebol, é qualquer papo, desde que latente.
Pensando bem, não é tão difícil. Frases feitas são aquelas que entram por um ouvido e saem pelo outro sem um estágio intermediário no cérebro. A boca fala por conta própria, dispensando-nos de pensar. E não tem problema nisso. Ou as ditas frases se incorporam à língua ou morrem e nascem outras. A língua é assim. Simples assim.
CASTRO, R. Disponível em: wwwl.folha.uol.com.br.
Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).
Nesse texto, a estratégia empregada para criticar a constante exposição a palavras, frases e expressões automatizadas é o(a)
(A) menção feita à efemeridade de alguns usos linguísticos aleatórios.
(B) subjetividade marcada pela reflexão que se desenvolve em primeira pessoa.
(C) efeito estilístico da repetição intencional da palavra “assim” no último parágrafo.
(D) sedução sugerida pelo envolvimento direto do leitor marcado nos usos de “você” e “sua”.
(E) humor gerado pelo uso das estruturas linguísticas que são objeto da reflexão desenvolvida.
Resolução
O autor utiliza na linguagem do texto palavras e expressões gíricas que são objeto da sua reflexão, produzindo humor.
Alternativa: E
13)
– Vejo, disse ele com algum acanhamento, que o doutor não é nenhum pé-rapado, mas nunca é bom facilitar... Minha filha Nocência fez 18 anos pelo Natal,e é rapariga que pela feição parece moça de cidade, muito ariscazinha de modos, mas bonita e boa deveras... Coitada, foi criada sem mãe, e aqui nestes fundões. [...]
– Ora muito que bem, continuou Pereira caindo aos poucos na habitual garrulice, quando vi a menina tomar corpo, tratei logo de casá-la.
– Ah! é casada? perguntou Cirino.
– Isto é, é e não é. A coisa está apalavrada. Por aqui costuma labutar no costeio do gado para São Paulo um homem de mão-cheia, que talvez o sr. conheça... o Manecão Doca...
– Não, respondeu Cirino abanando a cabeça.
– Pois isso é um homem às direitas, desempenado e trabucador como ele só... fura estes sertões todos e vem tangendo pontes de gado que metem pasmo. Também dizem que tem bichado muito e ajuntado cobre grosso, o que é possível, porque não é gastador nem dado a mulheres. Uma feita que estava aqui de pousada... olhe, mesmo neste lugar onde estava mecê inda agorinha, falei-lhe em casamento... isto é, dei-lhe unstoques... porque ospais devem tomar isso a si para bem de suas famílias; não acha?
– Boa dúvida, aprovou Cirino, dou-lhe toda a razão; era do seu dever.
TAUNAY, A. d’E. Inocência. Disponível em: www.
dominiopublico.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2024.
Nesse trecho, ao se referir à sua filha, o pai de Inocência reproduz os ideais românticos, presentes na
(A) valorização do ambiente rural na formação moral da mulher.
(B) “’figura decorativa da mulher ante o protagonismo masculino.
(C) equivalência de origem social para a harmonia do casal.
(D) importância do dote como condição para o casamento.
(E) aura de mistério sobre a identidade da jovem.
Resolução
A obra Inocência, de Visconde de Taunay, pertence à vertente regionalista do Romantismo Brasileiro e apresenta o pai da moça como um homem rude, autoritário que valoriza os costumes sertanejos, a pureza e a honra familiar, evidenciando, assim, o ideal romântico sobre o papel da mulher, submetida ao protagonismo masculino patriarcal que teria o dever de zelar pelo futuro da filha, determinando o marido.
Alternativa: B
14)
O Ministério do Esporte no Brasil lançou o programa Maré Inclusiva, em 2024, ano dos Jogos Paralímpicos de Paris. Esse programa visa ampliar as oportunidades para pessoas com deficiência que desejam praticar o surf. O parasurf é a prática do surf adaptada para permitir que pessoas com deficiência pratiquem o esporte em todas as suas categorias, modalidades e manifestações. Para a Secretaria Nacional do Paradesporto, a iniciativa é mais do que um programa de esporte, é uma iniciativa que busca transformar vidas e promover a inclusão por meio do parasurf, criando um legado de igualdade e respeito.
Disponível em: www.gov.br/esporte. Acesso em: 6 set. 2024
(adaptado).
De acordo com esse texto, o programa voltado ao estímulo da prática do parasurf evidencia a
(A) adesão de diferentes países a programas inclusivos.
(B) preocupação política em atender a demandas paralímpicas.
(C) importância de uma política pública esportiva para a inclusão.
(D) eficiência das iniciativas de inclusão em mega eventos esportivos.
(E) escassez de investimento em práticas corporais de aventura na natureza.
Resolução
O texto aborda o programa do Ministério do Esporte chamado Maré Inclusiva, que é voltado a deficientes que desejam praticar surf.
Alternativa: C
15)
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos
Africanos, a luta dosnegros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
BRASIL. Lei n. 10 639/2003. Disponível em: www.gov.br/
planalto.Acesso em: 5 maio 2024.
O emprego da norma-padrão é justificado nesse texto
(A) pela especialização de seu público-alvo.
(B) pela relevância cultural de seu conteúdo.
(C) pelos contextos pedagógicos em que circula.
(D) pela importância para os grupos étnico-raciais.
(E) pelas características do gênero a que pertence
Resolução
O emprego da linguagem culta é obrigatório em textos normativos, legislativos (Ieis, artigos).
Alternativa: E
16)

Disponível em: www.publishnews.com.br.
Acesso em: 19 set. 2024.
Nesse cartaz publicitário, os recursos verbais e não verbais constroem um argumento que objetiva
(A) divulgar a obra de Fernando Pessoa no Brasil.
(B) valorizar a realização de eventos literários no país.
(C) ressaltar o impacto da leitura na vida das pessoas.
(D) fomentar o turismo cultural na cidade de São Paulo.
(E) evidenciar a influência de Pessoa na literatura brasileira.
Resolução
O jogo entre as palavras “Você entra Fernando. E sai Pessoa” sugere que a leitura é uma ferramenta que faz com que o indivíduo se transforme, ampliando sua visão de mundo.
Essa ideia é reforçada pelo slogan “Todo mundo sai melhor do que entrou.”
Alternativa: C
17)
Com 20 anos de experiência no futebol de alto rendimento, Marina, ex-jogadora da seleção brasileira de futebol, salienta que, por trásdo espetáculo apresentado nas mídias, com mensagens de motivação e superação, o esporte não é tão inclusivo assim. “É esta análise que devemos fazer: aqueles atletas que estão ali estão trazendo uma alta performance a partir dos seus limites”, explica. Para a profissional, é preciso analisar com cautela “a ideia romântica que a mídia passa para os telespectadores”. A realidade é muito mais dura do que as imagens espetaculosas que principalmente a televisão busca transmitir para a audiência. “Por trás existe um ser humano, a gente não pode nunca esquecer isso. Aquela pessoa treinou insistentemente para estar ali, durante meses, semanas e temporadas. Duas vezes ao dia, de duas a quatro horas”, pondera Marina. Atualmente, as crianças e os jovens vislumbram o sucesso profissional e a boa-vida financeira de poucos atletas que se destacam e estampam os meios de comunicação. Tudo parece ser muito mais fácil do que realmente é quando apenas as conquistas são mostradas.
ROSOLEN, N. Disponível em: www.uninter.com.
Acesso em: 10 maio 2024 (adaptado).
Nesse texto, a visão crítica de uma ex-atleta de futebol revela que
(A) os meios de comunicação invisibilizam as dificuldades presentes no esporte.
(B) o treinamento atlético de alto nível é desestimulante para os indivíduos.
(C) o trabalho contínuo é desvalorizado no contexto esportivo profissional.
(D) as ações de incentivo financeiro a jovens atletas são precárias.
(E) as publicações da mídia esportiva rotulam atletas iniciantes.
Resolução
Por meio da glamorização do futebol, associada ao sucesso profissional e à boa-vida financeira, a mídia transmite a ideia equivocada de que a rotina do atleta não apresenta dificuldades, omitindo a realidade de sacrifícios e treinos constantes.
Alternativa: A
18)
No predomínio das mulheres pretas brasileiras nos Jogos Olímpicos de 2024, uma coisa chamou a atenção no pódio: elas valorizam a parte psicológica. As duas medalhistas de ouro, a judoca Beatriz Souza e a ginasta Rebeca Andrade, ressaltam, em várias entrevistas, a importância da saúde mental. Em uma dessas entrevistas, Rebeca sinaliza: “Acho que não é só sobre vencer a Simone, é sobre vencer a mim mesma. A minha briga está na minha cabeça, não está com outras pessoas. Para conseguir fazer as minhas apresentações, preciso controlar a minha cabeça, o meu corpo, e essa é a briga”. Na mesma linha, a skatista Rayssa Leal exalta a necessidade da terapia, e a Seleção Brasileira de Futebol de Mulheres tem o suporte psicológico como reforço no treinamento.
Disponível em: https://iclnoticias.com.br.
Acesso em: 18 set. 2024 (adaptado).
Nesse texto, as atletas brasileiras defendem o(a)
(A) investimento na modernização de equipamentos.
(B) subordinação do treinamento físico ao mental.
(C) estímulo à competição entre adversárias.
(D) aprimoramento da expressão corporal.
(E) importância da saúde emocional
Resolução
Segundo o texto, a saúde emocional é tão crucial para o desempenho do atleta quanto o seu preparo físico e técnico, isto é, o bem-estar psicológico também é parte integrante de sua prática profissional.
Alternativa: E
19)
A característica fundamental no aprendizado das práticas rituais nos candomblés é o processo iniciático e participante. Durante o período de reclusão em terreiros ou rocas, o iniciado passa por uma série de ritos esotéricos (banhos rituais, raspagem da cabeça etc.), ao mesmo tempo em que começa a adquirir um complexo código de símbolos materiais (substâncias, folhas, frutos, raízes etc.) e de gestos associados a um repertório linguístico específico das cerimônias que se desenrolam nos contextos sagrados em geral e em cada terreiro em particular.
Esse repertório linguístico, genericamente chamado de “língua de santo” na Bahia, compreende uma terminologia religiosa operacional, de caráter mágico-semântico e de aparente forma portuguesa, mas que repousa sobre sistemas lexicais de diferentes línguas africanas que provavelmente foram faladas no Brasil escravocrata, vindo a constituir uma língua ritual, que se acredita pertencer à nação do vodum, do orixá ou do inquice, e não a determinada nação africana política atual.
Disponível em: https://periodicos.ufba.br.
Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).
A “língua de santo” tem sua importância para o patrimônio linguístico brasileiro por
(A) apresentar uma carga semântica mítica.
(B) conservar elementos dos falares dos escravizados.
(C) resgatar expressões portuguesas do período colonial.
(D) decodificar o ritual religioso dos nossos antepassados.
(E) favorecer a compreensão do léxico africano contemporâneo.
Resolução
“A língua de santo”, além de ser uma expressão ritualística do candomblé, representa uma forma de resistência negra no Brasil escravocrata e, por ser praticada ainda hoje, integra o patrimônio linguístico brasileiro.
Alternativa: B
20)
O meu medo é entrar na faculdade e tirar zero eu que nunca fui bom de matemática fraco no inglês eu que nunca gostei de química geografia e português o que é que eu faço agora hein mãe não sei. [a]
O meu medo é a vida piorar e eu não conseguir arranjar emprego nem de faxineiro nem de porteiro nem de ajudante de pedreiro e o pessoal dizer que o governo já fez o que pôde já pôde o que fez já deu a sua cota de participação hein mãe não sei.
O meu medo é que mesmo com diploma debaixo do braço andando por aí desiludido e desempregado o policial me olhe de cara feia e eu acabe fazendo uma burrice sei lá uma besteira será que eu vou ter direito a uma cela especial hein mãe não sei.
FREIRE, M. Contos negreiros. Rio de Janeiro: Record, 2005.
Nesse texto, a reiteração dos medos e das angústias do narrador exprime
(A) inseguranças sobre o futuro familiar.
(B) dilemas resultantes de seu fracasso escolar.
(C) incertezas centradas em sua condição social.
(D) hesitações em relação à sua formação profissional.
(E) preocupações com as políticas públicas assistenciais.
Resolução
O interlocutor, ao se dirigir à mãe, expressa suas inseguranças em relação ao seu futuro quanto a ingressar em uma faculdade, conseguir um emprego e, mesmo assim, continuar sendo discriminado por sua condição social.
Alternativa: C
21)
O retrato como gênero da pintura ocidental ficou vinculado às elites, tornando invisíveis as populações que não faziam parte do círculo dominante. Num país de tradição escravocrata e colonizado por europeus como o Brasil, pouquíssimas pessoas negras e indígenas foram retratadas em pintura, e menos ainda identificadas com seus nomes nos retratos. Daí a importância, para a história da arte e para a história brasileira, dos retratos de Dalton Paula.

Figura 1 - PAULA, D. Zeferina. - Figura 2 - PAULA, D. João de Deus Nascimento.
Disponível em: www.masp.org.br. Acesso em: 5 maio 2024
(adaptado).
Ao dar protagonismo a Zeferina e a João de Deus Nascimento, o artista Dalton Paula evidencia que a(s)
(A) arte pode promover formas de afirmação de identidade social.
(B) comunidades periféricas passam a adquirir o gênero retrato.
(C) personagens retratadas simbolizam a sociedade brasileira.
(D) pintura funciona como instrumento de ascensão social.
(E) imagens tradicionais preservam memórias afetivas.
Resolução
Dalton Paula utiliza a arte como reparação simbólica e afirmação identitária, ao retratar pessoas negras com nome e sobrenome. Desse modo, o artista rompe com uma postura elitista da arte ocidental, que invisibilizou grupos sociais marginalizados.
Alternativa: A
22)
Símbolos
Eu e tu, ante a noite e o amplo desdobramento do mar, fero, a estourar de encontro à rocha nua... Um símbolo descubro aqui, neste momento esta rocha, este mar... a minha vida e a tua.
O mar vem, o mar vai, nele há o gesto violento de quem maltrata e, após, se arrepende e recua. Como compreendo bem da rocha o sentimento! São muito iguais, por certo, a minha mágoa e a sua.
Contemplo neste quadro a nossa triste vida; tu és dúbio mar que, na sua inconsciência, tem carinhos de amor e fúrias de demência!
Eu sou a dor estanque, a dor empedernida, sou rocha a emergir de um côncavo de areia, imóvel, muda, isenta e alheia ao mar, alheia.
MACHADO, G. Poesia completa. Rio de Janeiro:
Cátedra/MEC, 1978.
Nesse soneto, os traços da estética simbolista são resgatados pelo eu lírico ao
(A) rejeitar as emoções de “amor” e “mágoa”.
(B) expressar a dubiedade do olhar sobre o outro.
(C) representar o “eu” e o “tu” como sujeitos volúveis.
(D) associar a sua inconsciência a elementos da natureza.
(E) metaforizar o conflito amoroso nasimagens de “mar” e “rocha”.
Resolução
O poema de Gilka Machado apresenta elementos simbolistas ao sugerir imagens da natureza (o “mar” e a “rocha”) que representam a subjetividade do eu lírico diante da inconstância do ser amado.
Alternativa: E
23)
Antes do inverno chegar.
Ela tinha olhinhos brilhantes. Os mesmos de antes.
Antes da fome. Antes das 17 mudanças de cidade. Dos sete filhos e dos muitos anos de trabalho dentro e fora de casa.
Ela fazia ambrosia, bolo de fubá e pedacinhos de queijo. Antes do inverno, ela plantava flores novas e diferentes para nos esperar nas próximas férias de verão.
Ela tinha o jeito de menina. Menina sapeca, correndo na grama seca do cerrado. O mesmo jeito de antes.
Antes do marido (e mesmo com o marido). Antes do cansaço dos anos. Antes da dureza do trato com a terra.
Ela tinha histórias. Compridas, curtas, divertidas e verdadeiras. Mas isso foi antes. Antes das lembranças se bagunçarem feito bolas coloridas de Natal esperando para serem montadas na árvore.
Eu era sua neta. Antes do Alzheimer chegar, eu era sua neta. Mas ela é e sempre será minha avó.
PERSON, C. R. Borboletas no estômago: porque àsvezes o título
precisa ser adolescente e clichê, já que a vida exige sermos tão
adultos. São Paulo: Ed. das Autoras, 2021.
A narradora, ao resgatar memórias da história de vida da avó, faz uso recorrente da locução “antes de”. Esse termo colabora para a progressão temática na medida em que
(A) relaciona eventos ocorridos simultaneamente.
(B) estabelece uma comparação entre as lembranças.
(C) ressalta fatos que ressignificam o momento presente.
(D) sinaliza uma sequência que denota ações consecutivas.
(E) apresenta uma explicação para as memórias resgatadas.
Resolução
A narradora usa a locução temporal “antes de” para encadear fatos da história de vida de sua avó, reinterpretados pela ótica da neta, posterior à chegada do alzheimer na avó.
Alternativa: C
24)

Disponível em: https://revistagalileu.globo.com.
Acesso em: 18 jun. 2024 (adaptado).
Com base na relação dos elementos não verbais com a frase “VOCÊ (NÃO) ESTÁ SOZINHO”, nessa capa de revista, a função poética fica evidente, pois
(A) essa frase informa sobre os riscos de um determinado comportamento social.
(B) o conteúdo da mensagem expressa a atitude do enunciador sobre o tema.
(C) a construção dessa frase possibilita mais de uma interpretação.
(D) essa frase estabelece um diálogo direto com o leitor.
(E) a linguagem utilizada volta-se para si mesma.
Resolução
A função poética, em que a linguagem “possibilita mais de uma interpretação”, se dá pela organização estética da linguagem que ilustra a solidão das pessoas em pequenos buracos, mas que estão numa proximidade espacial, conforme ilustrado na capa da revista. Isso está em consonância com a linguagem verbal, cuja mensagem, com o advérbio “não” entre parênteses, converge com a plurissignificação do texto visual.
Alternativa: C
25)
Margot Robbie foi criticada por “não ser bonita o suficiente” para interpretar a Barbie. Recentemente, Paolla Oliveira foi chamada de gorda. Só fico pensando o que serei eu com mais de 50 (também no peso), com a minha aparência comum. O corpo da mulher vive um rea/ity show permanente: é sempre vigiado e fiscalizado, como se fosse domínio público. A mulher que não atender aos estereótipos está sujeita a sofrer penalidades básicas, como distúrbios, obsessões, medo do próprio corpo e, é claro, dietas à base de rúcula. “A dieta é o sedativo político mais potente na história das mulheres”, escreveu Naomi Wolf, em 1991. A regra é não haver singularidade, mascarar a passagem do tempo, imobilizar a beleza (já imaginou como isso seria enfadonho?). O mandamento é obedecer às regras sociais do bom comportamento corporal, “como deve ser”, não nos atos, mas na forma.
KORICH, B.S. Disponível em: wwwl.folha.uol.com.br.
Acesso em: 22 jan. 2024 (adaptado).
Nesse texto, para introduzir a ideia de que a fiscalização permanente sobre o corpo afeta todas as mulheres, a autora
(A) faz um comentário sobre sua própria imagem.
(B) destaca avaliações particulares entre parênteses.
(C) cita um formato de programa influente no segmento da beleza.
(D) utiliza declaração de uma jornalista como argumento de autoridade.
(E) enumera críticas à aparência de mulheres consideradas padrões de beleza.
Resolução
A autora introduz a ideia de fiscalização permanente do corpo feninino como uma prática que se aplica a todas as mulheres. Para isso, se vale da referência inicial a personalidades tidas como representantes de um ideal estético: nem mesmo elas escapam desse juízo.
Alternativa: E
26) I: o nome do filme é roupa suja ... eu assisti na minha casa ... com minha mãe ... tinha um ... o filme era sobre um homem que colocaram ...trocaram asbolsas ...daío homem levou uma bolsa cheia de dinheiro sem ele saber que na mala dele ... pensando que era dele mas era errada ... quando ele chegou onde ele ia trabalhar ... tinha uma moça tentando abrir a porta pra fazer entrevista com uns cantores lá que tinham ... daí ele perguntou ... “você tá tentando abrir a porta?”... daí ele ... “não ... não” ... daí ele disse ... “ah ... tá ... sim” ... daí ela ... “é ... e quero fazer uma entrevista” ... daí ele disse ... “você quer entrar ... então pode entrar” ... daí entraram ... daí ficaram lá ... quando ela entrou e queria fazer a entrevista um homem num deixou ...daí a mulher pegou ... subiu onde o homem tava trabalhando ... rapaz né ... onde ele tava trabalhando e ficou lá e dando o show ...
CUNHA, M. A. F. Corpus discurso & gramática: a língua falada e
escrita na cidade de Natal. Disponível em: https://deg.uff.br.
Acesso em: 4 dez. 2024 (adaptado).
Nesse texto, a repetição da forma “daí” revela
(A) a necessidade de adequação ao interlocutor.
(B) a origem regional do locutor.
(C) a escolaridade do falante.
(D) uma estratégia presente na linguagem oral.
(E) uma ênfase em determinadas partes do discurso.
Resolução
A repetição da forma “daí” enfatiza a função fática, ou seja, a interação com o interlocutor como um elemento na construção da sequência da narrativa oral. No contexto da transcrição, as reticências indicam as pausas na fala.
Alternativa: D
27)

Revista Língua Portuguesa, n. 31, maio 2008 (adaptado).
Esse texto, que apresenta um prato da culinária brasileira, evidencia
(A) valor afetivo nas nomenclaturas.
(B) variedade linguística entre regiões.
(C) disputa regional pelo melhor prato.
(D) modos de preparo de um mesmo alimento.
(E) paladares diversificados entre diferentes estados.
Resolução
O texto trata do uso dos termos “canjica” e “curau” em sua variação diatópica, ou seja, em diferentes lugares do Brasil. O mesmo doce recebe nomes distintos, de acordo com a região do país.
Alternativa: B
28)
A diferença entre briga e luta é a existência de juízes e medalhas? A briga desumaniza o outro e pode até matálo. Já na luta, as intenções do outro são consideradas sua proposta combativa e suas habilidades, enfim, sua meta de vencer. Na luta,o desenvolvimento passa pelo contato com a agressividade, a raiva, a frustração, o orgulho, a determinação e a fraqueza. Daí também a luta não ser apenas com o outro, mas consigo mesmo, num combate contra as próprias limitações, sobretudo, contra o próprio orgulho.
BARREIRA, C. A briga desumaniza. A luta, não.
O Estado de S. Paulo, 22 age. 2010 (adaptado).
Esse texto apresenta as diferenças entre briga e luta, na medida em que aponta o(a)
(A) superação pessoal na luta.
(B) violência evidenciada na luta.
(C) predomínio de regras na briga.
(D) desafio externo presente na luta.
(E) habilidade desenvolvida na briga.
Resolução
O trecho “… mas comigo mesmo…” evidencia uma prática de autoconhencimento e de transposição de obstáculos no que tange às próprias limitações do indivíduo. É a luta consigo mesmo.
Alternativa: A
29)
Pequenino morto
Tange o sino, tange, numa voz de choro,
Numa voz de choro... tão desconsolado...
No caixão dourado, como em berço de ouro,
Pequenino, levam-te dormindo... Acorda!
Olha que te levam para o mesmo lado
De onde o sino tange numa voz de choro...
Pequenino, acorda!
Que caminho triste, e que viagem! Alas
De ciprestes negros a gemer no vento;
Tanta boca aberta de famintas valas
A pedir que as fartem, a esperar que as encham...
Pequenino, acorda! Recupera o alento,
Foge da cobiça dessas fundas valas
A pedir que as encham.
CARVALHO, V. Poemas e canções. Rio de Janeiro:
Saraiva, 1962 (fragmento).
Nesse fragmento do poema, o sentimento de luto adquire contornos expressivos e é intensificado pela
(A) descrição da paisagem de um cemitério.
(B) recusa do eu lírico à irreversibilidade da morte.
(C) sonoridade dos versos produzida pela pontuação.
(D) religiosidade evocada como forma de fortalecimento.
(E) impressão de sonho na construção da estrutura poética.
Resolução
O trecho “… Pequenino, acorda! Recupera o alento, Foge da cobiça dessas fundas valas…” sugere a negação emocional, por parte do eu lírico, da morte da criança.
Alternativa: B
30)
Só entende os corações desse lugar quem mergulha nesse mar a perder de vista e recoberto de cana caiana, cana fita, cana roxa, cana-de-macaco, açúcar, melado, rapadura, aguardente, fumo, mandioca, quiabos, pimentas, moendas, frutas, fruta-pão, sobrados, senzalas, tachos, casa de purgar. Um reino dentro de outro, com tudo o que se tem direito: reis, rainhas, príncipes e princesas, bobos da corte, cortesãos, conselheiros e escravos, muitos escravos. [...]
A corte do massapé, como qualquer outra na história da humanidade, fazia tudopara não deixar escapar nenhum mísero grão dos seus domínios para quem estivesse de fora do seu apertado círculo. Os nomes se repetiam de pai para filho, para sobrinho, para netos e bisnetos, de forma concêntrica e repetitiva, para que não pairasse nenhuma dúvida de que são todos da mesma parentela. As farinhas todas num mesmo saco brasonado.
CRUZ, E. A. Água de barrela. Rio de Janeiro: Malê, 2018.
Nesse fragmento, o narrador enumera o resultado do trabalho com a terra, o qual, no contexto em que aparece,
(A) espelha a permanência dos privilégios de classe.
(B) oferece um panorama da população do campo.
(C) mostra os benefícios da fartura na agricultura.
(D) defende a importância da atividade coletiva.
(E) valoriza o trabalho ao longo das gerações.
Resolução
A permanência do privilégio de classe é expressa no trecho, por meio da escolha dos termos “corte”, “reis”, “rainhas”, “príncipe” e “princesas”, em função dos quais todo o processo de exploração escravocata se desenvolve.
Alternativa: A
31)
Uruku
Urucum
Rocou
(Bixa orellana)
Moju, dono da água, não gosta do cheiro de urucum.
Mani’ojarã, dono da mandioca, e os donos das outras plantas cultivadas também não. Eles não suportam. Por isso, os Wajãpi se untam de urucum, deixam o rosto vermelho e se perfumam com seu aroma agradável. Além disso, os seres agressores, os jarã (donos) e os espíritos terrestres, gostam do cheiro dos fluidos humanos, do sangue, do suor. Então, o urucum os dissimula, protegendo as pessoas que vão caçar, caminhar pela floresta, que estão sendo perturbadas por espíritos em sonhos ou que estão em resguardo, como os doentes.
O seu uso é tão cotidiano que os Wajãpi o plantam na aldeia, para ter sempre pertinho. Como o urucum não tem jarã, não tem problema nenhum em arrancar e usar para pintar.
STRAPPAZZON, A. 1.; SIGOLO, R. P. Jardins da história:
medicinas indígenas. Recife: ObservaPICS, 2022.
Esse verbete contribui para a preservação do patrimônio linguístico nacional, pois apresenta uma
(A) explicação de um rito medicinal do povo Wajãpi.
(B) definição de um termo na perspectiva ancestral indígena.
(C) relação de equivalência entre vocábulos de diferentes línguas indígenas.
(D) atualização de saberes tradicionais dos povos indígenas brasileiros.
(E) descrição das propriedades científicas de plantas silvestres.
Resolução
O gênero verbete de dicionário define as palavras com suas acepções. Sendo assim, esse verbete é construído apenas com um sentido da palavra “Uruku”, apresentado através da perspectiva de uso cotidiano da semente de uruku para o povo indígena Wajãpi. Logo, o verbete contribui para a preservação do patrimônio linguístico dos povos originários.
Alternativa: B
32)

MURRAY, R.; KLIGERMAN, E. Teiasde afeto e poesia.
Disponível em: https://roseanamurray.com. Acesso em: 5 maio 2024.
Nesse texto, a autora aborda diferentes sentidos dapalavra “rede” para evidenciar
(A) as formas de comunicação em meios digitais.
(B) a necessidade de atualização das mídias sociais.
(C) os conflitos de identidade dos usuários da internet.
(D) o impacto das tecnologias nas interações humanas.
(E) os desejos de compartilhar vivências com os amigos.
Resolução
A polissemia da palavra “rede”, provoca reflexões sobre como o conteúdo compartilhado nas redes sociais impacta a identidade dúbia dos usuários, ou seja, “entre este eu dentro da tela e o outro” fora
Alternativa: C
33)
Muitos pensam que narrativa curta é sinônimo de conto, perdendo de vista gêneros que, por tradição ruim, continuam à margem da nobreza. Acontece que o conto tem uma densidade específica, centrando-se na exemplaridade de um instante da condição humana, sem que essa exemplaridade se refira à valoração moral, já que uma grande mazela pode muito bem exemplificar uma das nossas faces. A crônica não tem essa característica. Conservou a marca do registro circunstancial feito por narrador-repórter que relata um fato para muitos leitores que formam um público determinado.
Mas que público é esse? Sendo a crônica uma soma de jornalismo e literatura (daí a imagem do narrador repórter), dirige-se a uma classe que tem preferência pelo jornal em que ela é publicada, o que significa uma espécie de censura ou, pelo menos, de limitação: a ideologia do veículo corresponde ao interesse dos seus consumidores, direcionados pelos proprietários dos periódicos e/ou pelos editores-chefes da redação.
Ocorre ainda o limite de espaço, uma vez que a página comporta várias matérias, o que impõe a cada uma delas um número restrito de laudas, obrigando o redator a explorar, da maneira mais econômica possível, o pequeno espaço de que dispõe. É dessa economia que nasce sua riqueza estrutural.
SÁ, J. A crônica. São Paulo: Ática, 1987 (adaptado).
De acordo com esse texto, o aspecto tecnológico que influencia a composição do gênero crônica advém da
(A) conexão ideológica.
(B) densidade temática.
(C) ênfase no público leitor.
(D) apresentação de uma moral.
(E) restrição espacial do suporte.
Resolução
O aspecto tecnológico que influencia a composição da crônica está expresso no excerto “Ocorre ainda o limite de espaço, uma vez que a página comporta várias matérias, o que impõe a cada uma delas um número restrito de laudas”. O texto, portanto, deve ser conciso em razão do espaço oferecido nos periódicos.
Alternativa: E
34)

Disponível em: www.tjdft.jus.br. Acesso em: 15 out. 2024 (adaptado).
Esse texto trata de um problema social com o propósito de
(A) divulgar campanha virtual contra casos de feminicídio.
(B) promover engajamento do setor educacional na luta contra a violência.
(A) comparar o impacto da violência na qualidade de vida de meninas e meninos.
(D) ressaltar a importância da segurança dos estudantes no ambiente escolar.
(E) dar visibilidade a estudos e pesquisas do setor de segurança.
Resolução
O cartaz publicitário tem a função de convencer o interlocutor a adotar uma ideia. Assim, seu propósito está associado à promoção do engajamento do setor educacional na luta contra a violência de gênero, tema apresentado a partir de recursos verbais e não verbais.
Alternativa: B
35)
TEXTO I
A Ilha do Ferro, situada a 18 km do município de Pão de Açúcar, não é uma ilha, como o nome indica. A história do povoado é semelhante à de inúmeros outros que encontramos às margens do Rio São Francisco, entre Alagoas e Sergipe. O que torna diferente o lugar é sua gente. Hoje, dezenas de artistas populares povoam a Ilha do Ferro, trabalhando principalmente com o entalhe em madeira. Onde pessoas comuns enxergariam apenas troncos e galhos retorcidos, eles vislumbram bancos, bonecos, pássaros, cobras e bailarinas. “As vezes, você passa por um pedaço de madeira uma vez e não vê nada, passa cinco vezes por ele e não vê nada”, conta um dos artistas, “mas, na décima vez, você consegue enxergar alguma forma nesse pedaço de madeira e transformá-lo em arte”.
Disponível em: www.imaterial.art.br.
Acesso em: 5 fev. 2025 (adaptado).
TEXTO II

FARIAS, Y. Bailarino entalhado em gravetos de madeira.
Artesanato em madeira, 2013×51 cm. Ilha do Ferro (AL).
Disponível em: www.nidelins.com.br. Acesso em: 5 fev 2025
A originalidade do trabalho dos artistas da Ilha do Ferro se dá pela
(A) reutilização de materiais para redução do impacto ambiental.
(B) ressignificação da matéria-prima atribuindo-lhe nova função.
(C) reprodução em madeira de modelos artísticos canônicos.
(D) representação de práticas corporais da comunidade.
(E) replicação seriada para distribuição em larga escala.
Resolução
A originalidade do trabalho do artista da Ilha do Ferro se dá pela ressignificação que a madeira comum adquire quando usada como matéria-prima em obras de arte. Essa madeira passa a apresentar figuratividade na forma de bonecos que parecem dançar, o que lhe atribui uma função estética e social.
Alternativa: B
36)
TEXTO I
Os trabalhos da exposição Adriana Varejão: suturas, fissuras, ruínas colocam em pauta o exame da história visual, das tradições iconográficas europeias e do fazer artístico ocidental. O corte, a rachadura, o talho e a fissura são elementos de narrativas recorrentes nos trabalhos da artista desde 1992. As produções recentes incluem pinturas tridimensionais de grande escala das séries Ruínas de charque e Línguas.
Disponível em: https://pinacoteca.org.br. Acesso em: 10 jan.
2025 (adaptado).
TEXTO II

VAREJÃO, A. Azulejaria em carne viva. Óleo sobre tela,
poliuretano, madeira e alumínio, 160 x 200 x 25 cm. 1999.
Disponível em: www.adrianavarejao.net.
Acesso em: 10 jan, 2025
A utilização de recursos visuais como suturas, cortes e ruínas por Adriana Varejão, na obra Azulejaria em carne viva, remete à(s)
(A) sobreposição da cultura brasileira à arte portuguesa.
(B) manutenção da representação realista na arte brasileira.
(C) violências desencadeadas pelo processo colonial brasileiro.
(D) desigualdades nos incentivos à produção artística brasileira.
(E) negligência na conservação do patrimônio arquitetônico luso-brasileiro.
Resolução
A artista mescla, em suas obras, o “fazer artístico ocidental” às “tradições iconográficas europeias”.
A influência europeia encontra-se nos azulejos portugueses, que contrastam com a representação da carne ensaguentada, simbolizando a violência da colonização.
Alternativa: C
37)
TEXTO 1
Origem, tradição e resistência
Foi sentada em seu banco de quartzo que a avó do universo, moradora da Maloca do Céu, criou os homens, os animais, a terra e as águas. O banco foi entregue aos ancestrais dos atuais Tukano, que passaram a reproduzilo em madeira. O mito Tukano – povo do noroeste da Amazônia que ainda hoje fabrica os bancos em seu estilo tradicional – indica o lugar dos bancos entre os objetos sagrados, ao mesmo tempo parte do universo primitivo e fonte do poder de criação. A presença nos mitos de origem de alguns povos atesta a antiguidade da arte de talhar bancos: os primeiros registros do uso desses objetos entre ameríndios das terras baixas da América do Sul, do Caribe e da América Central datam de, pelo menos, 4 mil anos.
ASSIS, R.; MENDES JR., L. Bancos indígenas do Brasil.
São Paulo: BEI Comunicação, 2013.
TEXTO II

KAMAYURÁ, Y. Tatu Kamayurá 1. Madeira, 61 x 24 x 20 cm.
Xingu (MT), s.d.
Disponível em: www.colecaobei.com.br.
Acesso em: 15 out. 2024.
Os textos I e li demonstram, na confecção dos bancos, uma íntima relação de sacralidade entre o ser humano e a natureza, perceptível por meio da
(A) representação realista de animais, mostrando o domínio do homem sobre a natureza.
(B) manutenção da herança cultural, atribuindo nova função aos elementos da fauna.
(C) anulação dos traços que permitem reconhecer o animal representado.
(D) presença de grafismos na forma animal representada no banco.
(E) criação de figuras fantásticas baseadas em formas animais.
Resolução
A herança cultural da nação Tikuna representada por objetos sagrados que já eram esculpidos há “pelo menos 4 mil anos” e que ressignificam os elementos da fauna.
Alternativa: B
38)
TRADUZINDO O JURIDIQUÊS
“Denego a liminar pleiteada na exordial, inobstante após a oitiva da parte adversa e da dilação probatória possa lograr alcançar um outro epílogo para o deslinde da quaestio sub examine.”
TRADUÇÃO
Não atendo, por ora, a liminar requerida na petição inicial, ainda que possa chegar a uma outra conclusão após ouvir a outra parte e avaliar as provas produzidas.
Proposta de emenda à Constituição 269 de 2013. Aplicase aos Governadores e Prefeitos o Regime Geral de Previdência Social, vedada a concessão graciosa, após o término do mandato, de vantagem pecuniária, verba de representação, pensão ou subsídio.
TRADUÇÃO
Torna-se proibido pagar benefícios vitalícios para ex-prefeitos e ex-governadores.
Superinteressante, n. 322, ago. 2013 (adaptado).
Nesse texto, contribui para a construção da ironia a tradução das passagens escritas em “juridiquês” para uma variedade
(A) padrão, que alcança o público em geral.
(B) histórica, que registra a evolução das leis.
(C) coloquial, que reproduz as relações sociais cotidianas.
(D) erudita, que resgata a origem latina da língua portuguesa.
(E) técnica, que facilita a circulação de informações no sistema judiciário.
Resolução
Nesse texto, contribui para a construção da ironia a tradução das passagens escritas em “juridiquês” para uma variedade padrão, que alcança o público em geral. Dessa forma, a ironia está em mostrar que a linguagem técnica jurídica, praticamente incompreendida pelo cidadão, pode ser “traduzida” e entendida numa forma muito mais simples e acessível por todos.
Alternativa: A
39)
TEXTO I
Os Doze Trabalhos de Hércules
Hércules é uma figura lendária da mitologia grecoromana. Ele é frequentemente retratado como um herói de força sobre-humana e coragem, filho de Zeus, o rei dos deuses, e Alcmena, uma mulher mortal. O episódio mais conhecido de Hércules é a realização dos Doze Trabalhos.
Esses trabalhos são impostos a ele como uma forma de expiação pelos crimes cometidos durante um acesso de loucura, causado pela deusa Hera, esposa de Zeus. Os Doze Trabalhos são: matar o Leão de Nemeia; matar a Hidra de Lerna; capturar a corça de Cerineia; capturar o javali de Erimanto; limpar os estábulos de Áugias; matar as aves do lago Estínfalo; matar o touro de Creta; capturar os cavalos de Diomedes; roubar o cinturão de Hipólita, a rainha das Amazonas; capturar o gado de Gerião; capturar os pomos de ouro do Jardim das Hespérides; capturar o cão de Hades, Cérbero.
HERTEL, R. Mitologia. Disponível em: https://
osmelhoreslivros.com.br.
Acesso em: 4 jun. 2025 (adaptado).
TEXTO II
Os Doze Trabalhos
O que lhe faltava de estudo lhe sobrava de boavontade e inteligência. No escritório improvisado na salinha da casa, anunciava seus serviços de bombeiro hidráulico e eletricista. Nas horas vagas entregava panfletos e lavava carros. Quando a cidade fervia com alguma festa, postava-se à entrada vendendo cerveja. Se fosse algum show infantil, cocadas. Aos sábados, era pedreiro e, aos domingos, conservava um jardim de uma mansão, além de tratar da piscina e dos cachorros. Nas férias, abrigava-se na fazenda dos donos da mansão, onde trabalhava como caseiro e motorista. Seu nome: João Antonio da Silva. Mas pode chamar de Hércules.
FERREIRA, G. V. Os doze trabalhos. Disponível em: www.
minicontos.com.br.
Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado}.
A comparação entre os textos I e II indica que o(a)
(A) intertextualidade com o mito apresentado no Texto I é um recurso presente no Texto II.
(B) narração de fatos do Texto II sintetiza os acontecimentos retratados no Texto I.
(C) vocabulário empregado no Texto II é ancorado em conhecimento literário.
(D) tema do trabalho como reparação é abordado em ambos os textos.
(E) marcação temporal no passado predomina em ambos os textos.
Resolução
O texto I apresenta Hércules, personagem da mitologia greco-romana, a quem doze trabalhos são impostos.
O texto II, por sua vez, atualiza o mito numa realidade contemporânea precária, por meio da figura de um sujeito que desempenha diversas funções para sobreviver. Portanto, há intertextualidade, visto que o texto II parodiou o texto I.
Alternativa: A
40)
1 O mais assustador do meteoro que cruzou o céu
2 da Sibéria e explodiu no ar como várias bombas
3 atômicas é que ele chegou sem ser anunciado. Com
4 todas as atenções voltadas para o outro asteroide, o
5 que passou de raspão, o asteroide da Sibéria entrou
6 pela porta dos fundos sem ser detectado. A desculpa
7 que era pequeno demais para chamar a atenção e
8 por isso os alarmes não funcionaram. Nossa ilusão,
9 até agora, era que qualquer detrito espacial que se
10 aproximasse de nós seria identificado e rotulado, e
11 sua trajetória calculada até o último milímetro com
12 grande antecedência, o que nos daria tempo para
13 preparar o espírito – ou usar nossos cartões de
14 crédito até o limite – no caso da colisão com a Terra
15 ser inevitável.
ERÍSSIMO, L. F. Disponível em: www.estadao.com.br.
Acesso em:1 mar. 2013.
Com base na organização coesiva desse texto, o(a)
(A) oração “que passou de raspão” (l. 5) refere-se ao “meteoro que cruzou o céu da Sibéria” (l. 1-2).
(B) expressão “sua trajetória” (l. 11) refere-se ao elemento textual “qualquer detrito espacial” (l. 9).
(C) palavra “isso” (l. 8) remete ao segmento textual posterior “os alarmes não funcionaram” (l. 8).
(D) pronome “o” em “o que nos daria tempo” (l. 12) remete a “ou usar nossos cartões de crédito” (l. 13-14).
(E) fragmento “o asteroide da Sibéria” (l. 5) introduz um elemento novo no texto.
Resolução
A expressão “sua trajetória” refere-se anaforicamente à expressão “qualquer detrito espacial”, já que o pronome possessivo “sua” cria relação de sentido entre “detrito” e “trajetória”, ou seja, trata-se do per- curso do fragmento espacial.
Em a, na oração “que passou de raspão”, o pronome relativo “o” (aquele) refere-se a “outro asteroide”; em c, “isso” é pronome demonstrativo e recupera a oração anterior “era pequeno demais para chamar atenção”; em d, o pronome “o” (aquilo) refere-se “a sua trajetória calculada até o último milímetro com grande antecedência; em e, “o asteroide da Sibéria” foi mencionado na primeira linha do texto.
Alternativa: B
41)
Em 1995, os Jenipapo-Kanindé quebraram a tradição da sucessão masculina e nomearam Maria de Lourdes da Conceição Alves como sua líder. Desde então, a Cacique Pequena guia o povo em grandes batalhas pelo direito a terra, educação, saúde e cidadania. Hoje, a anciã de 73 anos prepara duas filhas para lhe sucederem quando ela “tombar e pai Tupã a levar”.
Hoje, 129 famílias do município de Aquiraz são reconhecidas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) como indígenas, principal luta de Pequena para o seu povo desde o início. “Em 1995, fui a Brasília e tive a oportunidade de conversar com o presidente da Funai. Pedi que mandasse o povo dele na aldeia para fazer o estudo da nossa mãe-terra e de nós”. Dois anos depois, vieram os antropólogos, que concluíram: “Nós era índio sim!”, diz ela.
Há cerca de oito anos, Pequena adoeceu e ficou entre a vida e a morte. Nesse momento, precisou escolher, entre os 16 filhos, quem assumiria sua missão quando partisse. Reunida, a família decidiu sobre a sucessão.
“Disseram que, como eu era a primeira cacique mulher do Ceará, acharam melhor eu colocar duas filhas”.
Disponível em: www.sesc-ce.com.br. Acesso em: 15 set. 2024
(adaptado).
Ao abordar a realidade da etnia Jenipapo-Kanindé, essa reportagem cumpre uma função social quando destaca o(a)
(A) quantidade de famílias indígenas em Aquiraz.
(B) força da tradição nas comunidades indígenas.
(C) estudo sobre a demarcação das terras indígenas.
(D) protagonismo feminino na linha sucessória desse povo.
(E) reconhecimento dessa comunidade pelo governo brasileiro.
Resolução
O protagonismo feminino no comando desse grupo indígena fica evidente já no início do texto (“Em 1995, os Jenipapo-Kanindé quebraram a tradição da sucessão masculina e nomearam Maria de Lourdes da Conceição Alves como sua líder”). A liderança da mulher é corroborada na linha sucessória, como se nota no último período (“Disseram que, como eu era a primeira cacique mulher do Ceará, acharam melhor eu colocar duas filhas”).
Alternativa: D
42)
Porque ler para crianças é um ato de amor
Parece que, com o avanço da tecnologia, os livros têm enfrentado cada vez mais concorrência. Por isso, é nossa função lembrar a importância da leitura em todas as fases da vida, mas principalmente na primeira infância (entre 0 e 5 anos), quando o desenvolvimento das crianças acontece de forma mais intensa.
O ato de ler com uma criança ou ler para ela vai muito além de apenas aproveitar uma história em conjunto. É um laço de amorosidade, porque oferece a ela ferramentas que vão ajudá-la a crescer forte e independente.
Se você precisa de uma motivação extra para entrar nessa rede de incentivo, fique ligado nos motivos a seguir. Adotar esse hábito em casa:
1 – cria um laço emocional com a criança;
2 – ajuda no desenvolvimento das capacidades cognitivas;
3 – ensina sobre o mundo;
4 – incentiva o processamento de informações e a imaginação.
Disponível em: www.huffpost.com.br. Acesso em: 22 maio
2018 (adaptado).
Para persuadir o interlocutor sobre a importância de ler para as crianças, esse texto recorre à estratégia de
(A) propor uma condição aos pais, pelo emprego da conjunção “se”.
(B) relativizar a opinião apresentada pelo autor, com o uso de “Parece que”.
(C) empregar uma linguagem metafórica, com o uso da expressão “laço de amorosidade”.
(D) enumerar razões pertinentes a esse ato, como no exemplo “ensina sobre o mundo”.
(E) implicar o autor do texto como corresponsável pela campanha, pelo uso de “é nossa função”.
Resolução
Para persuadir o interlocutor sobre a importância de ler para as crianças, o texto recorre à estratégia de enumerar razões pertinentes ao ato de ler, como, por exemplo, “ensinar sobre o mundo” (item 3), além do que se recomenda nos itens 1, 2 e 4.
Alternativa: D
43) A artista Marija Tiurina criou uma série chamada Palavras intraduzíveis, com diversas ilustrações detalhadas que transmitem o sentido desses vocábulos, que nenhuma palavra única em outras línguas pode descrever.

ROMANZOTI, N. 9 desenhos que ilustram palavras
sem tradução para o português. Disponível em: https://
hypescience.com.
Acesso em: 10 jun. 2019 (adaptado).
O uso do texto verbal nesse desenho assume a função de
(A) descrever de forma técnica a ilustração.
(B) destacar os múltiplos sentidos do verbete.
(C) explicar o significado da expressão ilustrada.
(D) apresentar termos equivalentes em outras línguas.
(E) apontar para a dificuldade de compreensão do termo.
Resolução
Ao descrever o significado da palavra árabe “grufa”, a linguagem verbal cumpre com a função de explicála,
Alternativa: C
44)
Do rádio ao podcast
Desde a disseminação do rádio no Brasil, entre as décadas de 1920 e 1930, principalmente no governo de Getúlio Vargas, as pessoas passaram a dedicar uma parte de seu dia para escutar notícias, novelas, músicas e eventos esportivos em aparelhos de som. O radiojornalismo, por sua vez, teve seu pontapé inicial durante a Revolução Constitucionalista (1932) e se desenvolveu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Quando a TV surgiu, esperava-se que o rádio fosse totalmente substituído, porém ele se manteve em alta, pois o sinal de televisão não cobria todos os lugares, diferentemente do rádio. Com o surgimento da internet, dos smartphones e de outros dispositivos móveis, o rádio foi incorporado a essas novas tecnologias até o desenvolvimento da web rádio e do podcast, mostrando-se um meio de comunicação versátil e democrático na área jornalística.
Para um pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o rádio não se tornou obsoleto, visto que não deixou de ser consumido e se reinventou com o tempo. “O podcast é uma continuação, uma evolução natural do rádio”, opina.
ALVES, A.; ALVES, C. Disponível em: https://comunica.ufu.br.
Acesso em: 19 abr. 2024 (adaptado).
Ao abordar a trajetória dos meios de comunicação, esse texto propõe uma reflexão sobre a
(A) tecnologia digital e seus desdobramentos no desenvolvimento da televisão.
(B) O evolução da tecnologia digital com o predomínio do podcast sobre o rádio.
(C) permanência do rádio e sua evolução por meio da tecnologia digital.
(D) influência da televisão sobre os programas de radiojornalismo.
(E) interferência da tecnologia digital nas interações humanas.
Resolução
O texto aborda como o rádio surgiu, desenvolveu-se e adaptou-se ao longo do tempo. Atualmente, existe na forma de podcast e web rádio pela internet, mantendo sua importância como meio de informação e entretenimento.
Alternativa: C
45)
Desenvolvendo-se nesse meio, é natural que Celina, filha mais velha de D. Adozinda, tivesse seus pequenos firts com alguns desses rapazes, muito íntimos da casa e trazendo-lhe da cidade presentes de doces, de balas de ovo, de jornais ilustrados ou de frutas.
As irmãs mais novas iam ao colégio; ela ficava, enchendo o tempo com uns crochês vagarosos, costuras leves, a leitura dos folhetins dos jornais; e o Gilberto, que raramente saía, andava sempre ao seu lado, muito caído por esse tipo um pouco mórbido de menina anêmica [...].
O Gilberto não valia nada, mas quem sabe se apareceria outro, simplório e sincero como ele? E a filha, com os seus dezessete anos, começava a embaraçá-la um pouco, nesse difícil papel de virgem numa casa de pensão, cheia de rapazes. Ora, o melhor era esperar, dar tempo ao tempo... E o Gilberto e a Celina continuaram a namorar-se, ele cândido, ela dúbia; enquanto Coronel Juvenato, que deixara a mulher em Sobral para tratar de uma concessão rendosa com os políticos do Rio, ia agora monopolizando, como protetor mais importante, as alegres visitas matinais da viúva, que já lhe levava sempre o café - mas sem flores colhidas no jardim, ainda rodadas de orvalho, porque o cearense não dava para essas coisas de poesia. Era rápido, prático, e não admitia bobagens. Por isso, todos os sábados à noite, ele dizia a D. Adozinda com um tremor lúbrico nas banhas moles da face, os olhinhos vivos pestanejando:
– A senhora não se esqueça que amanhã é domingo... Leve-me cedo o café, hein?... que eu tenho de ir à missa...
– Pois não, pois não, Coronel! fique descansado – respondia a viúva do Ferreira, muito atenciosamente, tirando-lhe umas caspas da gola do paletó, com a mão repolhuda.
Os outros hóspedes riam-se à socapa; e no domingo o café não faltava, bem cedinho...
DOLORES, C. A luta. Rio de Janeiro: Ímã, s.d.
Nesse trecho, ao explorar a descrição como recurso que demarca impressões e pontos de vista, o narrador cria uma ambiência sugestiva do(a)
(A) escárnio relacionado à degradação moral dos indivíduos.
(B) cenário urbano marcado por condições de insalubridade.
(C) persistência do sentimentalismo explorado pelos folhetins.
(D) prática do enriquecimento ilícito visto nas grandes cidades.
(E) desigualdade de gênero acentuada pela baixa escolarização.
Resolução
As passagens como “O Gilberto não valia nada”, e a referência ao adultério do Coronel Juvenato com a viúva do Ferreira, entre outros trechos, indicam o deboche do narrador em relação à decadência moral das personagens de A luta.
Alternativa: A
Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Em 2022, o total de pessoas com 65 anos de idade ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era 7,4% da população. É o que revelam os resultados do universo da população do Brasil desagregada por idade e sexo do Censo Demográfico 2022. “O Estatuto do Idoso define como idoso a pessoa de 60 anos ou mais.
O corte de 65 anos ou mais foi utilizado nessa análise para manter comparabilidade internacional e com outras pesquisas que utilizam essa faixa etária, como de mercado de trabalho”, justifica a gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE. O aumento da população de 65 anos ou mais e a diminuição da parcela da população de até 14 anos no mesmo período, que passou de 24,1% para 19,8%, evidenciam o franco envelhecimento da população brasileira.
GOMES, I.; BRITTO, V. Censo 2022.
Disponível em: https:// agenciadenoticias.ibge.gov.br. Acesso
em: 21 maio 2025 (adaptado).
TEXTO II
Um movimento na internet, contrário ao pictograma com a bengala para os idosos, iniciou uma campanha para modificar essa imagem. A empreitada coletiva acabou com a elaboração de um novo desenho, uma figura mais altiva, ao lado da inscrição “60+”.

Disponível em: www12.senado.leg.br.
Acesso em: 21 maio 2025.
TEXTO III
A velhice é tempo de se retratar consigo mesma, de falar da doença, da sexualidade, do tédio e da liberdade de não se encaixar mais nas expectativas sociais. “A velhice não é doença. É destino”, escreve Rita Lee. Mas ela mesma mostra que esse destino não é sinônimo de mero encaminhamento para o fim - é campo de novas escolhas, inclusive a de desafiar estereótipos reservados para essa fase da vida.
A atriz Fernanda Montenegro, 95 anos, oferece em suas memórias uma síntese luminosa desse gesto de habitar o tempo com dignidade: “A velhice é o tempo em que a vida já foi vivida e, por isso mesmo, pode finalmente ser olhada de frente, sem o pânico do ineditismo”.
Disponível em: https://rascunho.com.br.
Acesso em: 17 maio 2025.
TEXTO IV
Um novo estereótipo: o “velho ativo”, saudável e com recursos pressiona o “velho inativo”, doente e pobre.
Nem todos os idosos têm recursos à disposição para aderir a essa corrida.
Idosas são oa principais matenedores dos lares

TEXTO V
Dona Maria Rita era tão antiga que na casa da filha estavam habituados a ela como a um móvel velho. Ela não era novidade para ninguém. Mas nunca lhe passara pela cabeça que era uma solitária. Só que não tinha nada para fazer. Era um lazer forçado que em certos momentos se tornava lancinante: nada tinha a fazer no mundo. Senão viver como um gato,como um cachorro. Seu ideal era ser dama de companhia de alguma senhora, mas isso nem se usava mais e mesmo ninguém acreditaria nos seus fortes setenta e sete anos, pensariam que era uma fraca. Não fazia nada, fazia só isso: ser velha. Às vezes ficava deprimida: achava que não servia a nada, não servia sequer a Deus.
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1974.
TEXTO VI
Quem tem direito de viver mais?
O documentário Quantos dias. Quantas noites busca investigar quem, afinal, tem direito a uma vida longa no Brasil. “São inúmeros os marcadores que definem quem vai viver e quem vai sucumbir diante de uma realidade imposta por um sistema bastante perverso”, afirma o diretor do documentário.
“O envelhecimento leva a maioria das pessoas a um declínio funcional. Mas, se você chega aos 75 tendo acumulado desigualdades, principalmente pelo racismo, é muito difícil sobreviver com qualidade de vida”, diz um médico gerontólogo.
Disponível em: g1.globo.com.
Acesso em: 10 jun. 2025 (adaptado).
Comentário à proposta de Redação
O tema da redação foi Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira. O tema foi acompanhado de uma coletânea de textos motivadores de diferentes aspectos: dados estatísticos, campanha governamental, depoimento, visões distintas sobre velho ativo/velho inativo, evidências sobre impactos da desigualdade no processo de envelhecimento, além de texto literário ressaltando o etarismo e o abandono.
O propósito, no caso do Enem, é chegar a uma solução para o tema discutido, pois ele implica um problema social. Assim, os participantes poderiam pensar em propor ações envolvendo o governo, como o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, para efetivar de modo mais democrático o que prevê o Estatuto do Idoso, para um envelhecimento saudável e digno, reconhecendo as diferenças sociais para o planejamento e a implementação dessas ações.
Implementar programa educativo, midiático, cursos e palestras em postos de saúde, universidades, Instituições filantrópicas são algumas possibilidades.
O candidato poderia comparar visões sobre o envelhecimento. Por exemplo, a visão ocidental negativa diante dos interesses mercadológicos contemporâneos, em que idosos são excluídos do mercado de trabalho, contrastando com a visão de povos indígenas, a qual reconhece a importância dos saberes acumulados pela experiência de vida de seus anciãos – guardiões da sabedoria, das tradições, de referências morais e espirituais. Para a primeira, o envelhecimento significa um fardo e, para a segunda, uma contribuição. Neste último caso, a prática de atividades mais pesadas é substituída pelo envolvimento na orientação da comunidade, refletindo a harmonia social tão desejada em uma sociedade justa, em que todos são valorizados. Em âmbito legal, ainda haveria a possibilidade de analisar o que determina o Estatuto do Idoso e como, na prática, esse dispositivo falha ao não assegurar qualidade no envelhecimento digno. O Estatuto requer ações de agentes públicos em planejamento, aplicação e fiscalização de seus preceitos. Entre outros tópicos, o documento poderia ser lembrado para discutir violência contra idosos, abandono e formas de negligência.
O candidato poderia também desenvolver a discussão por meio de uma abordagem comparativa, comentando sobre as mudanças acerca do sentido de envelhecimento. Ou seja, poderia destacar que respeito, representatividade, reconhecimento, paulatinamente foram diminuídos em vista do aumento da valorização de sujeitos mais ativos, produtivos e padronizados para o mercado de trabalho atual, que exige cada vez mais a disposição física e mental das pessoas.
Ciências Humanas e Suas Tecnologias
Questões de 46 a 90
46)
Não há consenso em torno do nome dado à pandemia, tendo, desde o seu início, sido chamada de gripe espanhola provavelmente por causa da desinformação em torno da notícia sobre sua origem.
Uma das hipóteses deriva da neutralidade espanhola na Primeira Guerra Mundial e a consequente liberdade de imprensa naquele país, maior do que nos demais países envolvidos no conflito. Hoje existe o consenso entre virologistas e epidemiologistas de que o vírus da gripe não se originou na Espanha. Entretanto, dificilmente essa pandemia deixará de ser conhecida como gripe espanhola.
KLAJMAN, C. A gripe sob a ótica da história ecológica.
História Revista, n. 3, set.-dez. 2015 (adaptado).
De acordo com o texto, a denominação recebida pela pandemia do começo do século XX foi determinada pelo(a)
(A) precariedade dos conhecimentos da medicina militar.
(B) retaliação da tríplice aliança aos soldados desertores.
(C) controle dos relatos oriundos de campos de batalha.
(D) emprego de armas biológicas em confrontos transnacionais.
(E) circulação de refugiados contaminados em áreas conflagradas.
Resolução
Apesar de ficar mundialmente conhecida como “gripe espanhola”, a origem da doença é até hoje incerta, sendo, porém, atribuída erroneamente ao país ibérico. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), as potências europeias envolvidas omitiam dados sobre a pandemia com vistas a manter o moral das tropas e não abalar ainda mais psicologicamente os seus soldados. A não participação da Espanha no conflito permitia maior divulgação de informações sobre o vírus Influenza, o que teria criado a falsa ideia de que a disseminação da doença se teria originado a partir dali.
Alternativa: C
47)
TEXTO I
A partir do século IV, com os imperadores ditos cristãos, o teatro e a dança foram condenados. O batismo era recusado aos que atuavam no circo ou na pantomima. E em 398, no Concílio de Cartago, os que iam ao teatro nos dias santos foram excomungados.
DINIZ, T.; SANTOS, G. História da dança.
Disponível em: www.uel.br. Acesso em: 18 out. 2023.
TEXTO lI
A dança no ato litúrgico cumpre tanto um papel de adoração quanto mercadológico. Não à toa há aceitação, expansão e investimento nessa prática percebida massivamente pela ampla divulgação principalmente nas redes sociais. A expansão e ampliação por via de festivais, aulas, cursos, palestras etc. consolida a criação de um mercado específico para esse público.
SANTOS, Z. Dança gospel. Salvador: UFBA, 2021.
A percepção sobre a dança e a cultura corporal apresenta aspectos relacionados, respectivamente, a
(A) segregação social e intolerância eclesiástica.
(B) rituais eucarísticos e sacramentos da Igreja.
(C) transe individual e progresso intelectual.
(D) penitência pessoal e juramento coletivo.
(E) dogmatismo religioso e adesão de fiéis.
Resolução
Os textos apresentam modelos distintos de religiosidade: enquanto o primeiro expressa um tom impositivo, no qual a autoridade eclesiástica define condutas e pune desvios, evidenciando uma lógica de controle, o segundo apresenta táticas de expansão em que a religião se difunde por meio de eventos, redes sociais e atividades comunitárias, valorizando integração e participação.
Alternativa: E
48) A ideia de êxodo urbano assume ares caricaturais. Pega a mais reduzida parte da pirâmide social e projeta para todos seus desejos defensivos. Se o êxodo urbano for compreendido como aquisição de uma segunda residência, então não estamos, de fato, falando de êxodo, mas da reversão de um excedente de renda de uma pequena fração da elite para as franjas metropolitanas.
Se o êxodo urbano for compreendido como retorno aos municípios menos povoados, então não estamos, de fato, falando de êxodo urbano, mas de um movimento de migração de pessoas cuja estabilidade no emprego e a elevada renda lhes permitem simular, nas ilhas urbanas do interior agropecuário, a vida urbana metropolitana.
ARRAIS, T.A. O distópico êxodo urbano.
Revista e, n. 11, maio 2021(adaptado).
A crítica apresentada no texto evidencia uma dinâmica socioespacial marcada pela
(A) valorização de tradições rurais.
(B) redução de plantações agrícolas.
(C) estagnação de atividades comerciais.
(D) precariedade de infraestruturas rodoviárias.
(E) seletividade de deslocamentos populacionais.
Resolução
A crítica apresentada no texto está relacionada à ideia de êxodo urbano, apresentando o conceito como um movimento de migração de uma parte da elite econômica cuja estabilidade no emprego e a elevada renda lhe permitem simular, nas ilhas urbanas do interior agropecuário, a vida urbana metropolitana, evidenciando uma dinâmica socioespacial marcada pela seletividade de deslocamentos populacionais.
Alternativa: E
49)
A “invenção” dessa nova anatomia política não deve ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, que se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros e esboçam aos poucos a fachada de um método geral. Encontramo-los em funcionamento nos colégios, muito cedo; mais tarde, nas escolas primárias, no espaço hospitalar e na organização militar.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 2011.
O texto indica o seguinte aspecto da disciplina como ferramenta política:
(A) Expansão das técnicas de suplício.
(B) Judicialização das relações de poder.
(C) Dissolução das distinções de nobreza.
(D) Capilarização das práticas de controle.
(E) Espetacularização das medidas de penitência.
Resolução
Para Foucault, a capilarização do poder refere-se à sua capacidade de se difundir e se exercer nas menores e mais sutis relações sociais do cotidiano (escola, hospital e meio militar), não se limitando a uma autoridade centralizada.
Alternativa: D
50)
Por séculos, o Rio Reno tem sido uma rota de navegação confiável, ajudando a criar gigantes fabris ao longo de suas margens. No entanto, esses dias parecem estar no fim, pois o nível da água tem diminuído regularmente, o que impede a navegação fluvial do final do verão até o outono. Isso mostra como a crise climática atinge as economias dos países ricos.
Disponível em: www.estadao.com.br.
Acesso em: 10 ago. 2023 (adaptado).
Qual é o efeito econômico do problema ambiental apresentado no texto?
(A) Supressão da extração de minério.
(B) Intensificação da atividade de pesca.
(C) Encarecimento da logística de transporte.
(D) Inviabilização da agricultura de subsistência.
(E) Sucateamento da indústria de transformação.
Resolução
Com a diminuição do volume do rio, muito utilizado para navegação e escoamento de mercadorias, haverá necessidade de novas estratégias logísticas para minimizar os impactos das mudanças climáticas sobre a economia.
Alternativa: C
51)
Dos 10 aos 15 anos de idade, Virgínia adorava acompanhar seu pai, aos domingos, naquela sinestésica Feira de São Cristóvão (RJ), talvez por ser o maior elo que ela experimentava com o mundo exterior à sua casa e, visto assim e agora, tão íntimo e próximo de algo que ela ainda não sabia, mas que seria, no futuro, a sua própria casa: a Paraíba. Dona Didi costurava, sob medida, camisas sociais, bermudas, shorts, vestidos, saias, sempre em casa e rodeada pelos quatro filhos pequenos do casal, desdobrando-se para dar conta de toda a responsabilidade sem trégua que isso demandava.
PASSOS, M. C. P. et al. apud SCARELI, G. A máquina de costura
e os fios da memória. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)
Biográfica, n. 18, maio-ago. 2021(adaptado).
Os itinerários afetivos e socioespaciais mencionados no texto associam-se à vida dos personagens por apresentarem
(A) histórias conectadas e recordações do lugar.
(B) direitos trabalhistas e produção industrial.
(C) preconceitos linguísticos e dinâmicas territoriais.
(D) lembranças fabris e discriminação dos operários.
(E) experiências profissionais e segregação regional.
Resolução
As histórias narradas são descrições obtidas pelas recordações afetivas diretamente conectadas aos espaços significativos da infância de Virgínia (a feira e a casa). O ambiente e as vivências familiares moldaram sua identidade – um claro exemplo de itinerários afetivos e socioespaciais.
Alternativa: A
52) Em 1872, havia mais de 1 milhão de votantes, correspondentes a 13% da população livre. Em 1886, votaram nas eleições parlamentares pouco mais de 100 mil eleitores, ou 0,8% da população total. Houve um corte de quase 90% do eleitorado. O dado é chocante, sobretudo se lembrarmos que a tendência de todos os países europeus da época era na direção de ampliar os direitos políticos. O mais grave é que esse retrocesso foi duradouro. A Proclamação da República não alterou o quadro.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002 (adaptado).
De acordo com o texto, a participação no processo eleitoral brasileiro após a Reforma de 1881 sofreu uma variação que se explica pela
(A) restrição de gênero.
(B) exclusão de imigrantes.
(C) comprovação de domicílio.
(D) exigência da alfabetização.
(E) obrigatoriedade do sufrágio.
Resolução
A Reforma eleitoral de 1881, conhecida como Lei Saraiva, foi a última grande modificação eleitoral do Império. Alterou a forma das eleições, que passaram a ser diretas, e também modificou os critérios de participação no processo eleitoral.
A nova formulação abandonou o critério censitário e adotou a alfabetização como condição para os eleitores, tornando ainda mais restrita a participação popular no pleito eleitoral.
Alternativa: D
53)
Pela falta de chuvas, a geração de energia eólica, solar e térmica atingiu níveis recordes em agosto de 2021, quando as hidrelétricas ficaram com cerca de 50% do total. Para um professor da Universidade Federal da Bahia, essa queda não é uma surpresa.
“Não aconteceu de uma hora para outra. Se olharmos o mapa do Brasil, um dos grandes provedores de água é a Floresta Amazônica. Se você diminui a floresta, diminui a quantidade de água que vai para a atmosfera”, explica.
BORGES, T. O fantasma do apagão.
Disponível em: www.correio24horas.com.br.
Acesso em: 9 out. 2021(adaptado).
De acordo com o texto, a dificuldade na produção de energia é causada pela alteração da(s)
(A) variável em pesquisas meteorológicas.
(B) paisagem em locais estratégicos.
(C) demandas em regiões industriais.
(D) metas em acordos climáticos.
(E) geologia em áreas naturais.
Resolução
O texto menciona a falta de chuvas, a redução da Floresta Amazônica e a diminuição da quantidade de água que vai para a atmosfera. O foco está na alteração do ciclo da água, causada pelo desmatamento, que interfere nas chuvas e na geração de energia nas hidroelétricas. A Floresta Amazônica é citada como um dos grandes provedores de água; sua diminuição altera as paisagens.
Alternativa: B
54)
Adam Smith via o açougueiro e o padeiro não só como indivíduos buscando seus interesses financeiros, mas como pessoas moralmente motivadas dentro de uma sociedade. A base da moral era a empatia e o julgamento, instaurando uma distinção entre o que queremos fazer e o que sentimos que devemos fazer.
COLLIER, P. O futuro do capitalismo. Porto Alegre: LP&M, 2019.
O texto defende uma motivação capitalista para o campo dos negócios, na qual o lucro se mostra associado à
(A) consolidação do poder político.
(B) procura de satisfação subjetiva.
(C) estruturação do monopólio comercial.
(D) percepção de responsabilidade ética.
(E) conquista do reconhecimento público.
Resolução
Collier faz uma reinterpretação da visão do lucro (de Adam Smith), em que este apenas era focado no autointeresse da “riqueza das nações”. Pelo autor, a base moral e empática contida no excerto, guia a nova visão.
Alternativa: D
55)
O corpo de cidadãos é o poder supremo dos Estados. A supremacia pode residir ou num homem, ou na minoria, ou em todos. Sempre que o Um, ou a Minoria, ou Todos governam, tendo em vista o bem-estar comum, essas constituições são justas; mas se procuram apenas o benefício de uma das partes, seja ela o Um, a Minoria ou Todos, estabelece-se um desvio.
ARISTÓTELES. Política. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
No excerto encontra-se a base da teoria clássica das três formas de governo representadas pela
(A) tirania, oligarquia e república.
(B) burocracia, autarquia e império.
(C) ditadura, autocracia e anarquia.
(D) plutocracia, tecnocracia e demagogia.
(E) monarquia, aristocracia e democracia.
Resolução
Aristóteles define três formas de governo: a monarquia (governo de um), a aristrocracia (governo de poucos) e o governo constituicional (governo de muitos), que pode ser compreendido como a democracia, muito embora, para o filósofo, em sua versão radical ela se degenera.
Alternativa: E
56)
TEXTO I

CARLEVARIS, L. La piazetta (detalhe). Óleo sobre tela, 49 x 41 cm.
Ashmolean Museum, Oxford, 1729.
Disponível em: www.meinsterart.de. Acesso em: 13 dez. 2017.
TEXTO lI
Antigo centro da economia mundo-europeia do século XV, no final do século XVII e início do século XVIII, Veneza ainda era uma cidade cosmopolita onde orientais podiam sentir-se em casa.
BRAUDEL, F. O tempo do mundo.
São Paulo: Martins Fontes, 1979 (adaptado).
Qual elemento da condição cosmopolita de Veneza na Idade Moderna está explicitado nos textos?
(A) Avanço do ensino laico.
(B) Conquista das terras da América.
(C) Integração do comércio mediterrâneo.
(D) Popularização do pensamento humanista.
(E) Desenvolvimento das corporações de ofício.
Resolução
Veneza manteve seu destaque desde o desenvolvimento do Renascimento comercial até o século XVIII, atuando como um importante elo na circulação de mercadorias entre o Oriente e Ocidente.
A cidade foi, por muito tempo, destino e origem de relevantes redes mercantis, transformando-se num polo cosmopolita, como se observa na imagem, na qual aparecem homens trajados com roupas orientais.
Alternativa: C
57)
O direito não é a justiça. O direito é o elemento do cálculo, é justo que haja um direito, mas a justiça é incalculável, ela exige que se calcule o incalculável; e as experiências aporéticas são experiências tão improváveis quanto necessárias da justiça, isto é, são momentos em que a decisão entre o justo e o injusto nunca é garantida por uma regra.
DERRIDA, J. Força de lei. São Paulo:
Martins Fontes, 2010 (adaptado)
De acordo com o texto, ainda que estejam em desconformidade com o ordenamento jurídico, são exemplos de ação justa:
(A) Casos de desobediência civil.
(B) Repressões do aparato estatal.
(C) Conflitos de natureza intercontinental.
(D) Manifestações do movimento sindical.
(E) Mobilizações de agremiações estudantis.
Resolução
O texto faz proposta sobre pensar sobre direito e justiça, tornando esta algo mais incalculável, exigindo uma potência de ação, além do parâmetro da regra.
A alternativa que revela uma desconformidade com o ordenamento jurídico são os casos de desobediência civil, que, mediante enfrentamento, desafiando a ordem vigente, visam atingir a Justiça.
Alternativa: A
58)
Sinal fechado
Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo, correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios...
Oh, não tem de que
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo,
Talvez nos vejamos, quem sabe?
Quanto tempo...
Pois é, quanto tempo...
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa rapidamente
Pra semana...
O sinal...
Eu procuro você...
Vai abrir! Vai abrir!
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça
Não esqueço, não esqueço
Adeus...
PAULINHO DA VIOLA. Foi um rio que passou em minha vida.
Rio de Janeiro: Odeon, 1970.
A letra da canção apresenta a permanência de uma situação da vida cotidiana ao destacar a
(A) diminuição do comportamento competitivo.
(B) importância da memória coletiva.
(C) redução da mobilidade urbana.
(D) efemeridade dos vínculos de afetividade.
(E) obsolescência dos meios de comunicação.
Resolução
A canção traz uma reflexão sobre a vida moderna e a falta de tempo para as relações humanas já que a conversa entre as duas pessoas se estabelece durante o curto tempo de uma parada no semáforo vermelho. Tais ideias vão ao encontro do que defendeu Zygmunt Bauman em Moderninade Líquida, tornando antigas formas sociais (consolidadas) agora afetividades inconstantes e frágeis.
Alternativa: D
59)
Macedônia do Norte
Acordo entra em vigor e país muda oficialmente de nome
Entrou em vigor, em 2019, o acordo que determina a mudança de nome da Macedônia para Macedônia do Norte. A troca põe fim – ao menos por enquanto – no impasse entre essa antiga república da Iugoslávia e a vizinha Grécia. O governo grego se opunha ao uso do nome Macedônia pelo novo país vizinho porque a Grécia tem uma província no norte com o mesmo nome. Por causa desse impasse, a Grécia bloqueou as negociações de adesão de seu vizinho à União Europeia. Depois de negociações, as duas partes chegaram a um acordo.
Disponível em:https://gl.globo.com.
Acesso em: 7 nov. 2021(adaptado).
Para o país originado da antiga Iugoslávia, a mudança de nome é uma estratégia política para
(A) criar a moeda própria.
(B) proteger a cultura local.
(C) subjugar a minoria étnica.
(D) expandir o território nacional.
(E) intensificar a integração regional.
Resolução
A Grécia temia que, ao utilizar o nome único “Macedônia”, o país poderia sugerir reivindicações sobre a Macedônia grega (com minorias étnicas de macedônios). Assim, a “Macedônia”, ao adotar o pós-nome “do Norte”, deixou claro que não tinha propósitos expansionistas, e sim, ser aceita na União Europeia, estabelecendo política para intensificar a integração regional (integrar-se à UE).
Alternativa: E
60)
CONCENTRAÇÃO DE C02 POR QUEIMADAS
ENTRE ÁFRICA E BRASIL EM 30 ANOA
AGOSTO DE 2019

Disponível em: https://noticias.uol.com.br.
Acesso em: 10 out. 2019 (adaptado).
A dispersão espacial do problema ambiental representado na imagem de satélite é explicada pela seguinte característica geográfica:
(A) Amplitude das temperaturas médias.
(B) Homogeneidade da insolação anual.
(C) Ocorrência de chuvas de relevo.
(D) Circulação de massas de ar.
(E) Ausência de frentes frias.
Resolução
Correntes de jato de altas altitudes e massas de ar de ação mais superficial são as responsáveis pelo transporte de resíduos atmosféricos (poeira, fumaça, cinzas – no caso, a fumaça de queimadas ocorridas em África e Brasil) que se dirigem de um continente a outro, evidenciando a importância da movimentação atmosférica.
Alternativa: D
61) A credulidade dos ouvintes aumenta o descaramento do narrador, e o descaramento deste conquista-lhes a credulidade. A eloquência, quando levada a seu patamar mais alto, deixa pouco lugar à razão ou à reflexão, mas, dirigindo-se inteiramente à imaginação e aos afetos, cativa os ouvintes condescendentes e subjuga-lhes o entendimento.
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento humano e
sobre os princípios da moral. São Paulo Edunesp, 2003.
No contexto do século XVIII, o autor propõe uma reflexão radical acerca da arte da eloquência, restringindo-a ao
(A) sistema de crenças, conforme a proposta kantiana de objetividade do conhecimento.
(B) campo dos absolutos, semelhante ao entendimento medieval dos Universais.
(C) domínio da lógica, consoante a compreensão aristotélica nos Analíticos.
(D) paradigma da racionalidade, alinhado ao modelo cartesiano de método.
(E) âmbito da persuasão, análogo às críticas platônicas aos sofistas.
Resolução
Para David Hume, a eloquência era uma arte que não se resumia a um mero exercício de raciocínio lógico, visto que, para ser eficaz deveria envolver a experiência humana (a experiência sensível) e articular sentimentos.
Alternativa: E
62)
Os direitos do homem constituem uma classe variável, como a história destes últimos séculos demonstra suficientemente. O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se modificar, com a mudança das condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses, das classes no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transformações técnicas. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII foram submetidos a radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos que as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações.
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Os argumentos apresentados no texto sustentam que os direitos humanos são variáveis porque os considera como
(A) fenômenos espontâneos.
(B) conquistas atemporais.
(C) convenções coletivas.
(D) resquícios religiosos.
(E) imposições políticas.
Resolução
Noberto Bobbio via os direitos humanos como variáveis e não absolutos, já que se tratam de direitos históricos que resultam de um processo de luta e evolução social.
Portanto, podendo ser considerados como convenções coletivas.
Alternativa: C
63)

A mudança para a eletromobilidade de fato promove uma alteração no consumo de recursos naturais.
Hoje, amplamente dependentes do petróleo, nossos modais de transporte poderiam se tornar cada vez mais dependentes de trinta metais raros. Gálio, tântalo, cobalto, platinoides, tungstênio, metais de terras-raras: uma mina contém apenas ínfimas quantidades desses metais dotados de fabulosas propriedades eletrônicas, ópticas e magnéticas.
PITRON, G. Revolução tecnológica, transformação geopolítica.
Disponível em: https://diplomatique.org.br. Acesso em: 10 dez. 2018.
No que se refere ao desenvolvimento sustentável, a charge e o texto indicam uma contradição no uso da tecnologia alternativa derivada do seguinte aspecto:
(A) Necessidade de fontes não renováveis.
(B) Padronização dos modelos produtivos.
(C) Demanda de mão de obra qualificada.
(D) Precariedade da legislação industrial.
(E) Utilização de materiais recicláveis.
Resolução
O texto diz que a eletromobilidade troca a dependência do petróleo por uma forte dependência de “metais raros” (gálio, cobalto, platinoides, tungstênio, terras-raras), que são recursos minerais finitos (não renováveis). A contradição ecológica está justamente em substituir um recurso não renovável por outros e também não renováveis, mantendo a lógica extrativista.
Nem todos os mineirais arrolados são raros. Gálio, cobalto e tungstênio não o são.
Alternativa: A
64)
A Roda dos Expostos de Salvador (Bahia) data de 1726 e foi uma das instituições implantadas com o objetivo de acolher e prover um encaminhamento para a criança recém-nascida abandonada. Essa assistência fundamentava-se em práticas caritativas, paternalistas e imediatistas que visavam ao cuidado básico da criança e, especialmente, à salvação da sua alma, via batismo, devido à alta mortalidade.
BORRIONE, R.; CHAVES, A. M. Análise documental e contexto de
desenvolvimento. Disponível em: www.scielo.br.
Acesso em: 15 ago. 2013.
A instituição apresentada no texto justificava-se pelo(a)
(A) defesa de direitos humanos.
(B) preceito de natureza sociorreligiosa.
(C) reconhecimento de vínculos familiares.
(D) discurso de cunho técnico-científico.
(E) ideologia de caráter abolicionista.
Resolução
A Roda dos Expostos era uma prática comum no Império Português, ao confiar órfãos ou recém-nascidos rejeitados à Igreja Católica, com vistas à garantir a sobrevivência das crianças e, ao mesmo tempo, ampará-las em consonância com a missão social e religiosa da instituição.
Alternativa: B
65) A missão dos governantes consiste em promover a felicidade da sociedade, punindo e recompensando. A parte da missão de governo que consiste em punir constitui mais particularmente o objeto da lei penal. A obrigatoriedade ou necessidade de punir uma ação é proporcional à medida que tal ação tende a perturbar a felicidade e à medida que a tendência do referido ato é perniciosa. A felicidade consiste naquilo que já vimos, ou seja, em desfrutar prazeres e em estar isento de dores.
BENTHAM, J. Uma introdução aos princípios da moral e da
legislação. São Paulo: Abril Cultural, 1974 (adaptado).
Qual perspectiva de justiça emerge da relação, estabelecida no texto, entre punição e felicidade?
(A) Aplicação de meios para atingir um fim.
(B) Imposição de regras para estabelecer um dever.
(C) Sobreposição de princípios para fundamentar um direito.
(D) Criação de parâmetros para reconhecer uma prescrição.
(E) Elaboração de convenções para referendar um costume.
Resolução
Para Bentham, a punição é aplicável somente aqueles que ferem a ideia de bem comum, de forma a garantir a “felicidade”.
Alternativa: A
66)
Cidade sustentável é o assentamento humano constituído por uma sociedade com consciência de seu papel de agente transformador dos espaços e cuja relação não se dá pela razão natureza-objeto, e sim por uma ação sinérgica entre prudência ecológica, eficiência energética e equidade socioespacial.
ROMERO, M. Frentes do urbano para a construção de indicadores de
sustentabilidade intraurbana. Paranoá, n. 4, nov. 2007.
Uma medida pública que contradiz o modelo de cidade exposto no texto é a
(A) coleta seletiva de lixo.
(B) reutilização das águas pluviais.
(C) canalização dos cursos hídricos.
(D) arborização das avenidas centrais.
(E) educação ambiental da comunidade.
Resolução
A canalização afeta diretamente a vazão do rio, gerando desequilíbrios e alterando fluxos naturais, o que contradiz a ideia de cidade sustentável.
Alternativa: C
67)
Nos Estados Unidos, um hotel perto de um parque foi engolido por uma enorme cratera. E não é a primeira vez que esse tipo de incidente acontece na Flórida. Em minutos, uma ala inteira do hotel era engolida pela cratera de 30 metros de diâmetro e cinco de profundidade. O diretor do resort em Clermont, perto dos parques temáticos da Flórida, diz que o prédio tinha 15 anos, e que até então o solo nunca havia apresentado problemas. Os afundamentos são um fenômeno comum na Flórida por causa das formações de calcário e argila no subsolo, mas às vezes chuvas fortes, ou a drenagem do solo para construção, acabam contribuindo para o surgimento desses buracos.
Disponível em: http://gl.globo.com.
Acesso em: 10 dez. 2024 (adaptado).
A situação de desmoronamento do solo descrita no texto origina-se da
(A) cristalização da estrutura geológica.
(B) ação do intemperismo químico.
(C) recomposição da mata ciliar.
(D) acumulação de sedimentos orgânicos.
(E) impermeabilização da superfície ocupada.
Resolução
A água, ao infiltrar-se no solo, dissolve lentamente o carbonato de cálcio, promovendo intemperismo químico. Os desmoronamentos de solo, tais como descritos no texto, são conhecidos como “Dolinas” ou “Sinkholes”.
Alternativa: B
68)
Moradores de Berlim protestaram contra a demolição de um trecho do muro que dividiu a cidade durante quase três décadas. Tratado como patrimônio cultural e histórico da cidade, o East Side Gallery, repleto de grafites emblemáticos, está na mira de uma construtora que pretende levantar um condomínio de luxo às margens do Rio Spree, que corta a cidade.
ALMEIDA, R. Alemães impedem demolição de último trecho
original do muro de Berlim.
Disponível em: http://operamundi.uol.com.br.
Acesso em: 2 fev. 2021(adaptado).
A demolição do símbolo histórico mencionado representa uma
(A) violação da memória coletiva.
(B) alteração das fronteiras políticas.
(C) adesão à arquitetura neoclássica.
(D) negação das influências orientais.
(E) reorganização da mobilidade urbana.
Resolução
A proposta de demolição do último trecho original do Muro de Berlim, para a construção de um condomínio de luxo, destrói uma referência fundamental da história e da memória do povo alemão durante a Guerra Fria, período em que estiver dividido.
A manutenção desta parte remanescente do muro pós-reunificação serve para preservar elementos do passado recente, essenciais para a identidade coletiva dos alemães.
Alternativa: A
69)
TEXTO I
Em conjunto: todo e não todo, unido e separado, em consonância e em dissonância. De todos um e de um todos. (Fragmento B10)
TEXTO II
Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedadefome.
(Fragmento B67)
Pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
A característica do pensamento do filósofo Heráclito, registrada nos fragmentos mencionados, é a ênfase na
(A) qualidade imperecível do mundo.
(B) degradação material da natureza.
(C) imobilidade imanente do universo.
(D) distribuição dicotômica do cosmos.
(E) desordem incontornável das coisas.
Resolução
Heráclito pensa o mundo e a natureza de modo dialético. Sendo assim, ambos os textos apresentam ideias que se opõem, ou seja, que são dicotômicas, e que, por isso, se unificam e se complementam.
Alternativa: D
70) Entre esses preconceitos estava o canibalismo. A prática não era, porém, uma mentira, uma invenção europeia, mas um ritual controlado por regras. Entre os tupis, por exemplo, os guerreiros se sentiam honrados quando morriam em um banquete canibal. Para os europeus, no entanto, comer carne humana era abominável, pois nem mesmo os leões ingeriam seus semelhantes. Portanto, para os conquistadores, o canibalismo era sinônimo de barbarismo e da incapacidade de se autogovernar.
RAMINELLI, R. Canibalismo para alemão ver. ln:
FIGUEIREDO, L. (Org.).
História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro:
Casa da Palavra, 2013 (adaptado).
No texto, europeus e ameríndios atribuíram à prática relatada, respectivamente, o significado de
(A) selvageria – empoderamento.
(B) impetuosidade – resistência.
(C) fanatismo – humilhação.
(D) intolerância –- violência.
(E) repressão – justiça
Resolução
O texto enfoca diferentes interpretações a respeito de uma mesma prática cultural, o canibalismo. Para os europeus, a prática evidenciava o barbarismo, a incapacidade de autogoverno e um elevado grau de selvageria, não observado sequer entre alguns animais. Para os indígenas, tratava-se de um ritual de empoderamento, tanto para os praticantes da antropofagia, quanto para aqueles que sofriam essa ação.
Alternativa: A
71) Fragmentada em pequenos grupos, fragilizada pela ausência de algum tipo de organização ampla, tendo que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do negro para a cultura negra, a religião dos orixás tem poucas chances de se sair melhor na competição – desigual – com outras religiões. Silenciosamente, assistimos hoje a um verdadeiro massacre das religiões afro-brasileiras.
PRANDI, R. O Brasil com axé. Estudos Avançados, n. 52,
dez. 2004.
No processo de invisibilização dos cultos afro-brasileiros, o texto associa os seguintes elementos essenciais:
(A) Ausência de soluções partidárias e rejeição da laicidade.
(B) Precariedade de coesão representativa e recusa da alteridade.
(C) Insuficiência de estruturas decisórias e exclusão da dialogicidade.
(D) Inexistência de direitos constitucionaise negação do ecumenismo.
(E) Efemeridade das relações políticas e debilidade do pertencimento étnico.
Resolução
Prandi nos faz refletir sobre aspectos da formação das religiões afro-brasileiras, que, sofrendo com a diáspora, tendo fragmentado diversos grupos étnicos, levou a uma precariedade na sua forma representativa.
O preconceito, ao anular o “ser-do-outro”, traz a recusa da alteridade.
Alternativa: B
72) A partir do século XIX e, principalmente, no século XX, iniciou-se o uso de produtos sintéticos na agricultura. No Brasil, a partir da década de 1960 e, posteriormente, nos anos 1970, os inseticidas ampliam sua fatia no mercado dos defensivos agrícolas.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. Rio de
Janeiro: TB, 2012 (adaptado).
Nos espaços agrícolas, a mudança técnica descrita provocou a diminuição da
(A) desagregação de camadas pedológicas.
(B) diversidade de polinizadores naturais.
(C) contaminação de lençóis freáticos.
(D) produtividade da terra cultivada.
(E) ocorrência da erosão laminar.
Resolução
A busca pelo aumento de produtividade agrícola, bem como a busca pelo lucro indiscriminado, aumentaram o uso de inseticidas, principalmente após a década de 1960 (Revolução Verde). Como consequências desse processo, surgem vários impactos ambientais, entre os quais a redução da diversidade de polinizadores naturais.
Alternativa: B
73)
Pesquisa pioneira no Brasil propõe o uso de energia do solo para climatizar edifícios
Pela primeira vez na história, o Brasil terá um prédio que usa energia do solo para climatizar seus ambientes. Uma pesquisa inovadora avaliou o uso das fundações de edifícios como meio para a troca de energia térmica entre o prédio e o subsolo. A energia geotérmica é aquela encontrada dentro da crosta terrestre, seja no solo, nas rochas ou mesmo na água, sendo identificada pela temperatura. Essa energia pode ser transferida para a superfície por processos de troca térmica a partir das fundações da edificação.
Disponível em: https://jornal.usp.br.
Acesso em: 7 nov. 2021 (adaptado).
Para o sistema elétrico brasileiro, a expansão de tecnologias como a descrita no texto representa uma tendência de
(A) homogeneização da oferta da matriz produtiva.
(B) ampliação do consumo em unidades residenciais.
(C) redução da pressão sobre as usinas hidrelétricas.
(D) estagnação do consumo em unidades industriais.
(E) superação da necessidade de recursos renováveis.
Resolução
Apesar de concentrar mais da metade de sua produção elétrica em fontes renováveis, o Brasil mantém a maior parte da sua matriz elétrica diretamente vinculada à modalidade hidroelétrica.
A ampliação do uso de outras fontes renováveis, como é o caso da energia geotérmica, contribui para a diversificação das fontes utilizadas, reduzindo a pressão sobre a produção de energia hidroelétrica.
Alternativa: C
74) Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses.
COULANGES, F. A cidade antiga.
São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A conjuntura sociopolítica da Roma Antiga, conforme apresentada no texto, foi contestada pelos
(A) monarcas, que queriam expandir o código jurídico.
(B) plebeus, que almejavam participar da vida política.
(C) nobres, que desejavam superar a relação de dependência.
(D) camponeses, que aspiravam diminuir a jornada de trabalho.
(E) estrangeiros, que ambicionavam acessar os espaços públicos.
Resolução
Uma das grandes crises iniciais da República Romana foi provocada pela mobilização da plebe exigindo direitos políticos, uma vez que estes lhes eram vedados devido à existência de leis orais e pela estrutura oligárquica monopolizada pelos patrícios. A lei das XII Tábuas (século V a.C.), foi o primeiro conjunto de normas escritas em Roma, assegurando aos plebeus um sistema jurídico isento de manipulações convenientes à elite sociopolítica.
Alternativa: B
75) Os povos indígenas têm o direito de manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus conhecimentos do passado, suas expressões culturais e as manifestações de suas ciências, tecnologias e culturas, compreendidos os recursos humanos e genéticos, as sementes, os medicamentos, o conhecimento das propriedades da fauna e da flora, as transmissões orais, as literaturas, os desenhos, os esportes, os jogos e as artes visuais e interpretativas.
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 107ª Sessão Plenária, 13 de setembro de
Disponível em: www.un.org. Acesso em: 18 abr. 2015 (adaptado).
Os direitos reconhecidos no texto representam a
(A) multiplicidade dos troncos linguísticos.
(B) ampliação das influências externas.
(C) complexidade dos saberes tradicionais.
(D) sofisticação das práticas de sobrevivência.
(E) diversificação da economia de subsistência.
Resolução
A Organização das Nações Unidas (ONU) procura promover a preservação e defesa da diversidade cultural do mundo por meio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura). A pressão de líderes de organizações indígenas, que durante décadas atuaram pela defesa dos povos originários das Américas, levou ao estabelecimento da Declaração dos Direitos do Povos Indígenas em 2007. Nela busca-se salvaguardar asmúltiplas manifestações culturais que, em última instância, são fundamentais para a preservação das identidades indiginas e para promoção de sua autonomia, em oposição à recorrente ideia de integração, por muito tempo imposta pelos Estados Nacionais.
Alternativa: C
76)
TEXTO I
Eu escolhi Bezalel e lhe dei competência e habilidade para fazer todo tipo de trabalho artístico; para fazer desenhos e trabalhar em ouro, prata e bronze; para lapidar e montar pedras preciosas; para entalhar madeira; e para fazer todo tipo de artesanato.
BÍBLIA. Êxodo 31, 2-5. São Paulo: Paulinas, 2005.
TEXTO lI
Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e veio a ser poderoso em palavras e obras.
BÍBLIA. Atos 7, 22. São Paulo: Paulinas, 2005.
TEXTO IlI
Se conhecêsseis a ciência certa, logo renunciarias à ostentação.
ALCORÃO. Sura 102, 5. São Paulo: Tangará, 1975.
Escritos em temporalidades diferentes (Antiguidade e Idade Média), os textos sagrados aproximam-se ao mostrar o papel da ciência para o(a)
(A) emergência das universidades e escolas confessionais.
(B) crescimento religioso e movimentos sectários.
(C) avanço da intolerância e rivalidades nacionais.
(D) preservação das tradições e rituais místicos.
(E) desenvolvimento social e práticas laborais.
Resolução
Os textos sagrados destacados foram escritos pelas três grandes religiões monoteístas do mundo, respectivamente, o judaísmo (Êxodo, como parte da Torá), o cristianismo (Atos dos Apóstolos), e o islamismo (Alcorão). Todos os textos apontam para a valorização do conhecimento técnico-científico e do aprimoramento ético como forma de promoção do desenvolvimento da sociedade.
Observação: No texto III, constante do enunciado, houve um erro crasso, qual seja, a forma “renunciarias”, que, para harmonizar a segunda pessoa do plural, a qual incia a frase, deveria ser “renunciaríeis”.
Alternativa: E
77) Em 1914, uma expedição estudantil saiu da Rússia em direção à América do Sul, sendo considerada a segundacampanha científica da Rússia no continente depois da longa viagem do barão Langsdorff pelo interior do Brasil na primeira metade do século XIX. O empreendimento foi enviado pelo Museu de Antropologia e Etnografia de São Petersburgo e integrado por cinco jovens cientistas, sendo dois zoólogos, dois etnógrafos e um antropólogo, cujo objetivo era a coleta de material de valor biológico e etnográfico para compor coleções nas instituições que participaram de seu financiamento. A expedição passou por países como Brasil, Paraguai e Argentina, resultando em amplo material manuscrito e algumas publicações, além dos objetos coletados.
CARNEIRO, L. A. F. A Rússia no Brasil do início do século
XX. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz, 2015 (adaptado).
Além do significado científico, o evento mencionado conectava-se a um projeto nacionalista de caráter
(A) imperialista e colonizador.
(B) militar e disciplinador.
(C) lúdico e filantrópico.
(D) mercantil e predatório.
(E) religioso e humanitário.
Resolução
Embora apresentada como científica, a expedição russa integra um movimento típico das potências europeias, do final do século XIX e início do XX, marcado pela ampliação do prestígio nacional por meio da coleta de materiais biológicos, culturais e etnográficos em territórios estrangeiros. Esse tipo de empreendimento reforçava o projeto nacionalista ao abastecer museus, instituições de pesquisa e arquivos imperiais, fortalecendo a identidade e o poder do Estado. Trata-se, portanto, de uma forma de colonialismo científico, no qual o país financiador se apropria do conhecimento e dos objetos de outras regiões como estratégia de projeção internacional.
Alternativa: A
78) Em decorrência da naturalização da inferioridade social da mulher e da concepção de justiça do Estado, baseada na igualdade abstratamente concebida, tornase possível convencer o Estado burguês a conceber e implementar políticas públicas cujo conteúdo se define pela discriminação positiva de mulheres, embora isso aparentemente seja paradoxal.
SAFFIOTI, H.; ALMEIDA, S. S. Violência de gênero, poder e
impotência. Riode Janeiro: Revinter, 1995 (adaptado).
No contexto atual, qual medida atende ao tipo de política pública abordada no texto?
(A) Ampliação do sufrágio universal.
(B) Diminuição da jornada de trabalho.
(C) Extinção do crime de feminicídio.
(D) Redução da licença-maternidade.
(E) Criação de delegacia especializada.
Resolução
A percepção e o debate acerca das violências de gênero na contemporaneidade possibilitam ações específicas do Estado com vistas a estabelecer uma igualdade pré-concebida. Entre essas ações poderíamos arrolar a tipificação do feminicídio, a criação da Lei Maria da Penha e a criação das Delegacias Especializadas da Mulher.
Alternativa: E
79) A cidade justa é governada pelos filósofos, administrada pelos cientistas, protegida pelos guerreiros e mantida pelos produtores. Cada classe cumprirá sua função para o bem da pólis, racionalmente dirigida pelos filósofos. Em contrapartida, a cidade injusta é aquela onde o governo está nas mãos dos proprietários – que não pensam no bem comum da pólis e lutarão por interesses econômicos particulares.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
O texto apresenta a estrutura de governo da cidade ideal pensada por Platão, que postula uma indissociabilidade entre
(A) cognoscência e relação intersubjetiva.
(B) mitologia e teorias cosmogônicas.
(C) cidadania e primazia da retórica.
(D) moralidade e virtudes cardeais.
(E) ética e exercício do poder.
Resolução
Para Platão, em A República, o poder deve ser exercido pelos reis filósofos, visto que são eles que possuem um conhecimento profundo do bem e da justiça. Desse modo, guiados pela sabedoria, aqueles que governam agem com ética tendo em vista o bem comum.
Alternativa: E
80) A Impressão Régia do Rio de Janeiro foi criada pelo decreto de 13 de maio de 1808 para dar continuidade à nova sede do império português. A nova tipografia é criada em um momento no qual o projeto de reforma do império se transforma em um projeto de construção de um novo império português na América. Frente às tensões políticas que essa nova situação criava, a tipografia atuou na legitimação e sustentação daquele projeto político.
BARRA, S. H. S. A Impressão Régia do Rio de Janeiro e
a colonização dos sertões na construção do novo império
português na América (1808-1822). Topai, n. 31, jul.-dez.
2015 (adaptado).
A função política da tecnologia mencionada no texto favoreceu a nova sede do Império português por
(A) estabelecer as normativas ideológicas aos periódicos.
(B) propagar as diretrizes administrativas às capitanias.
(C) divulgar as conquistas às metrópoles europeias.
(D) integrar as regiões territoriais ao poder central.
(E) difundir as publicações às elites lusitanas
Resolução
A criação da Imprensa Régia foi uma das primeiras medidas da Corte Joanina ao se estabelecer na nova capital imperial, a cidade do Rio de Janeiro, em 1808.
Sua função não se restringia à impressão de livros, jornais e panfletos para a capital, pois articulava um projeto mais amplo, com vistas a garantir a manutenção da integridade do Império Português em torno do poder da Coroa Bragantina.
Alternativa: D
81) Com o objetivo de auxiliar a prevenção e o combate a incêndios no Cerrado, o Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu um modelo computacional capaz de prever o comportamento do fogo. Essa tecnologia integra o projeto Monitoramento do Cerrado, do qual também participa o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (lnpe). O instituto produz e processa dados de satélite sobre focos de calor para determinar a localização de incêndios no biorna. Esses focos são o ponto de ignição para o modelo desenvolvido na UFMG: com base em outros dados, como relevo, ventos, umidade e biomassa seca, a ferramenta estima as áreas com maior risco de incêndio e prevê a intensidade e a direção de propagação do fogo no Cerrado brasileiro.
LAGES, L. Tecnologia antiqueimada. Revista Minas Faz
Ciência, n. 84, dez. 2020 - jan.-fev. 2021 (adaptado).
Em relação à causa ambiental, o uso da tecnologia mencionada indica a
(A) influência da produção orgânica.
(B) relevância da infraestrutura viária.
(C) significância da cosmologia nativa.
(D) importância de pesquisas acadêmicas.
(E) interferência de interesses estrangeiros.
Resolução
O levantamento de dados de uso do solo, clima e relevo, por exemplo, pode ser realizado por sensoriamento remoto; e as pesquisas científicas voltadas às dinâmicas de propagação do fogo no bioma permitem certa previsibilidade na direção, na intensidade e nos riscos dos incêndios no Cerrado, possibilitando a prevenção e o combate aos focos.
Alternativa: D
82)
TEXTO 1
O cinema constituía um encanto indefinível: além do entretenimento delicioso das vidas alheias por meio dos filmes, o pretexto amável para os encontros de olhos, para a mostra dos vestidos, para as tagarelices com as vizinhas de cadeiras.
SETTE, M. Anquinhas e bemardas. São Paulo: Livraria
Martins, 1940 (adaptado).
TEXTO lI
O pouco caso na seleção dos filmes para serem exibidos nos espetáculos diurnos tem sido causa de inúmeros dissabores sofridos pelos progenitores que levam os seus filhos ao cinema para recreá-los. Em toda parte, tanto nas casas de famílias como nos colégios, só se ouve a petizada falar em fitas, em artistas cinematográficos, nas proezas de William Hart ou nas façanhas de Mutt.
O cinema e a criança. Diário de Pernambuco. 29 ago. 1925
(adaptado).
Publicados na primeira metade do século XX, os textos apresentam
(A) conclusões semelhantes sobre o mesmo suporte midiático.
(B) argumentos contrários sobre o mesmo tipo de diversão.
(C) discursos contraditórios sobre a mesma didática escolar.
(D) regras teológicas acerca de um mesmo recurso pedagógico.
(E) justificativas idênticas acerca de um mesmo aspecto cultural.
Resolução
Ao comparar os dois textos, pode-se depreender que, enquanto o primeiro exalta a criação de um novo espaço de sociabilização, o segundo alerta para os possíveis riscos de abandono, pelas novas gerações, de tradições e valores, ameaçados pela exposição a novos padrões exibidos nas grandes telas.
Alternativa: B
83)
O que eu queria ter sido
Um nome para o que sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser. O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de “a protetora dos animais”. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la. E eu sentia o drama social com tanta intensidade que vivia de coração perplexo diante das grandes injustiças a que são submetidas as chamadas classes menos privilegiadas.
LISPECTOR, C. Aprendendo a viver. Rio deJaneiro: Rocco
Digital, 2013.
A reflexão contida no texto faz referência aos pressupostos de uma doutrina ética representada pelo
(A) estado eudaimônico.
(B) referencial hedonista.
(C) pensamento altruísta.
(D) movimento antiespecista.
(E) comportamento pragmático.
Resolução
O altruísmo tem foco no bem-estar alheio, na ausência de interesse próprio, sendo oposto à visão egoísta. Grande parte da obra de Clarice Lispector explora a subjetividade, tal qual o trecho de “Aprender a viver”.
Alternativa: C
84) Independência de pensamento, autonomia e direito à oposição política estão perdendo sua função crítica básica numa sociedade que parece cada vez mais capaz de atender às necessidades dos indivíduos através da forma pela qual é organizada. Nas condições de um padrão de vida crescente, o não conformismo com o próprio sistema parece socialmente inútil, principalmente quando acarreta desvantagens econômicas e políticas tangíveis e ameaça o funcionamento suave do todo.
MARCUSE, H. Ideologia da sociedade industrial. Rio de
Janeiro: Zahar, 1969.
Qual é a característica da sociedade industrial do século XX apresentada no texto?
(A) Gestão integrada.
(B) Relativismo moral.
(C) Desobediência civil.
(D) Realidade unidimensional.
(E) Desenvolvimento tecnológico.
Resolução
A formação social, no contexto pós-industrial, respeita uma dinâmica de esfacelar a individualidade, a criticidade e o pensamento autônomo para a construção de uma realidade unidimensional.
Alternativa: D
85) Do ponto de vista administrativo e judicial, a desapropriação da fazenda Cabaceiras, localizada na região sul do estado do Pará, é a primeira da história motivada pelo desrespeito à função social de um imóvel rural, como prevê a Constituição Federal de 1988, em decorrência da exploração de “trabalho em condições análogas à escravidão”. Na realidade, essa desapropriação não se deu apenas pela ocorrência de relações de trabalho extremamente degradantes, mas também pelas graves infrações ambientais verificadas na fazenda – o que também configura um ataque à função social da terra, de acordo com os preceitos constitucionais.
BARROS, C. J. A conquista da fazenda Cabaceiras.
Disponível em: www.agb.org.br. Acesso em: 15 maio 2023.
O texto considera a promoção da justiça como um mecanismo de
(A) manutenção da ordem agrária.
(B) legitimação da propriedade privada.
(C) hegemonia das classes dominantes.
(D) revisão das desigualdades econômicas.
(E) homogeneização da distribuição fundiária.
Resolução
A desapropriação de imóveis, seja por infrações relativas ao direito trabalhista, seja por agressão a direitos ambientais previstos na Constituição de 1988 no capítulo sobre reforma agrária, é um mecanismo de promoção de justiça e de revisão de desigualdades econômicas e sociais.
Alternativa: D
86)

Salvador, capital do estado da Bahia.
Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br.
Acesso em: 2D out. 2023.
A análise dos elementos presentes na fotografia permite identificar qual característica socioespacial?
(A) Estagnação da especulação imobiliária.
(B) Conservação da arquitetura colonial.
(C) Implantação de moradias populares.
(D) Predomínio da atividade comercial.
(E) Processo de verticalização urbana.
Resolução
A fotografia do Farol da Barra em Salvador apresenta elementos (como elevada densidade de prédios) que permitem identificar o processo socioespacial de verticalização urbana.
Alternativa: E
87)
A difusão pelos cônegos do ideal apostólico, bem como a influência dos eremitas e dos pregadores errantes que na sua esteira propagavam temas evangélicos, contribuíram para fazer nascer, entre os fiéis, o desejo de se erguerem
ao nível espiritual do clero e de obterem a sua salvação, sem que para isso tivessem de renunciar ao seu estado.
Pela primeira vez, a Igreja entreabria as portas da graça em benefício da totalidade dos fiéis, colocando, como única condição, a sua partida para o Oriente, a fim de aí lutarem contra os inimigos de Cristo.
VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental,
séc. VIII-XIII. Lisboa: Estampa, 1995.
Conforme o texto, no imaginário dos fiéis cristãos do período medieval, a salvação era alcançada por meio das
(A) palavras escritas.
(B) práticas litúrgicas.
(C) ações voluntárias.
(D) ideias messiânicas.
(E) celebrações coletivas.
Resolução
O excerto ressalta uma mudança importante na espiritualidade cristã medieval, pois evidencia a valorização de uma nova postura dos fiéis como meio distinto de obtenção da salvação: o envolvimento direto e voluntário na luta contra os inimigos de Cristo durante o movimento das Cruzadas.
Alternativa: C
88) Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação deque o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo, a crença de que nós, seres humanos, podemos fazê-lo, sendo capazes de perceber o que está errado com o mundo, o que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los.
BAUMAN, Z. apud OLIVEIRA, D. Bauman: para que a utopia
renasça, é preciso confiar no potencial humano. Revista Cult,
jan. 2017.
De acordo com o autor, qual é a função da utopia no contexto das transformações sociais?
(A) Habilitar memórias afetivas.
(B) Apontar alternativas possíveis.
(C) Legitimar experiências pretéritas.
(D) Perpetuar paradigmas científicos.
(E) Empreender soluções conclusivas.
Resolução
Para Zygmunt Bauman, a utopia oferece uma visão de mundo capaz de impulsionar a humanidade a buscar alternativas possíveis para a melhoria da sociedade. Sendo assim, é fonte de esperança que pode servir como motor para a mudança.
Alternativa: B
89)

Disponível em: www.cnabrasil.org.br. Acesso em: 15 out.
2021.
Qual condição favoreceu o cenário produtivo exposto na figura?
(A) Redução do poder de compra da população brasileira.
(B) Ampliação da entrada do capital agroindustrial no campo.
(C Diminuição do uso de trabalho especializado na agropecuária.
(D) Valorização da moeda nacional em relação ao dólar americano.
(E) Inclusão de pequenas propriedades em cultivos de subsistência.
Resolução
A figura mostra que o Brasil ocupa posições de destaque na produção e na exportação de commodities, o que foi favorecido por elevados investimentos em mecanização, expansão da infraestrutura logística, sementes transgênicas, fertilizantes, entre outros insumos. Esse padrão está associado à consolidação de um modelo produtivo baseado na agricultura empresarial, intensiva em capital e articulada ao mercado global.
Alternativa: B
90) Em toda a sua carreira política, Getúlio Vargas sempre contara com o seu talento pessoal de persuasão e poder de manipulação. Agora, porém, seus amigos começavam a perceber que ele parecia envelhecido e cansado.
A principal figura da oposição, concordavam eles, era o belicoso jornalista Carlos Lacerda. Se ao menos pudessem “removê-lo” do cenário político, talvez Vargas se salvasse da situação. Esses seguidores decidiram tomar o assunto em suas próprias mãos com o atentado da Rua Tonelero.
SKIDMORE, T. Brasil: de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2003 (adaptado).
Nesse contexto, a ação dos aliados de Getúlio Vargas teve como consequência imediata o(a)
(A) intensificação dos ataques do grupo udenista.
(B) intervenção dos sindicatos no conflito partidário.
(C) mobilização da sociedade na defesa do governo.
(D) abandono da censura aos meios de comunicação.
(E) apoio dos partamentares aos candidatos oposicionistas.
Resolução
Desde o início do segundo governo (1950-1954), Getúlio Vargas enfrentou forte oposição liderada pela União Democrática Nacional (UDN) e setores militares, críticos às medidas populistas do modelo nacional-desenvolvimentista. Após o atentando a Carlos Lacerda na Rua Toneleros, aumentaram as pressões, sobretudo depois das investigações da “República do Galeão”, que indicavam o envolvimento de pessoas ligadas ao presidente.
Esse contexto intensificou os ataques da oposição por parte do grupo udenista, que passou a pressionar pela renúncia ou impeachment do governante
Alternativa: A